Por Marcelo Minka
“Ainda Estou Aqui” é mais do que um filme; é um convite à reflexão profunda sobre um período turbulento da história brasileira e sobre a resiliência humana. A obra, dirigida por Walter Salles (Central do Brasil – 1998) e baseada no livro autobiográfico de Marcelo Rubens Paiva (livro Feliz Ano Velho – 1982), nos transporta para a década de 1970, um momento marcado pela ditadura militar, e acompanha a trajetória de Eunice Paiva, mãe do escritor, que luta pela liberdade e pela democracia.
A narrativa, marcada por uma sensibilidade ímpar, nos apresenta uma mulher forte e determinada, que enfrenta as adversidades com coragem e esperança. Eunice Paiva, interpretada de forma brilhante por Fernanda Torres (Os Normais – 2001 a 2003) e Fernanda Montenegro (Central do Brasil – 1998), torna-se um símbolo de resistência e um lembrete de que a luta por um mundo mais justo nunca deve cessar. Através de seus olhos, vivenciamos a angústia daqueles que tiveram seus direitos violados e a alegria daqueles que, mesmo em meio à dor, encontram forças para seguir em frente.
A escolha de abordar um tema tão delicado e complexo como a ditadura militar torna “Ainda Estou Aqui” um filme ainda mais relevante nos dias atuais. Ao resgatar um período da história que muitas vezes é esquecido ou distorcido, o longa convida o público a refletir sobre as consequências das violações dos direitos humanos e a importância de preservar a memória de quem sofreu. Em um momento em que a democracia está cada vez mais ameaçada em diversas partes do mundo, a história de Eunice Paiva serve como um alerta e um chamado à ação.
A produção do filme, impecável em todos os seus detalhes, contribui para a imersão do espectador na trama. A fotografia, a trilha sonora e as atuações marcantes criam um ambiente rico e envolvente, que nos transporta para outra época. A direção de Walter Salles, conhecida por sua sensibilidade e maestria na condução de narrativas complexas, demonstra mais uma vez seu talento ao transformar uma história pessoal em uma obra de grande impacto social.
Ainda Estou Aqui no Oscar
A indicação de “Ainda Estou Aqui” para representar o Brasil na disputa por uma vaga ao Oscar é um reconhecimento da qualidade do filme e de sua importância para o cinema brasileiro. A obra, que já conquistou diversos prêmios em festivais nacionais e internacionais, tem o potencial de alcançar um público ainda maior e de contribuir para o debate sobre temas como memória, justiça e direitos humanos.
Em um mundo cada vez mais dividido e polarizado, filmes como “Ainda Estou Aqui” desempenham um papel fundamental ao promover a empatia, a reflexão e o diálogo. Ao nos conectar com histórias de vida reais e com as lutas de pessoas comuns, a obra nos inspira a buscar um futuro mais justo e igualitário para todos.
Em suma, este é um filme que nos emociona, nos provoca e nos faz pensar. É uma obra-prima do cinema brasileiro que merece ser vista e discutida por todos aqueles que se interessam pela história do nosso país e pela luta por um mundo melhor
Marcelo Minka
Graduado em licenciatura em Artes Visuais, especialista em Mídias Interativas e mestre em Comunicação com concentração em Comunicação Visual. Atua como docente em disciplinas de Artes Visuais, Semiótica Visual, Antropologia Visual e Estética Visual. Cinéfilo nas horas vagas. Me siga no Instagram: @marcelo_minka e @m_minka_jewelry
Leia todas as colunas de Cinema
(*) O conteúdo das colunas não reflete, necessariamente, a opinião do O LONDRINENSE.