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LGBTQI+, um alfabeto de aprendizado

Na semana em que se comemorou o dia do orgulho LGBTQIA+, queria render minha homenagem a todos os gays que passaram pela minha vida. Certamente sou mais solta, livre e descolada, graças à comunidade.

Foto: Acervo pessoal

Quando entrei na faculdade de jornalismo na UEL, vinda lá do interior, não tinha muita consciência de que havia tanta diversidade. A maioria dos gays ainda estavam trancados nos armários, prontos para saírem envoltos em plumas e purpurina. E vi tantos deles literalmente saltando lá de dentro, que nem vou enumerar.

E acredito que, apesar de toda dor que a já quarentona pandemia de Aids trouxe, foi ela quem trouxe a homossexualidade para a luz da discussão.

Foto: Acervo pessoal

A primeira vez que ouvi falar que alguém morreu de uma doença “desconhecida” foi em 1980, um amigo muito querido da minha cidade, mas que trabalhava em São Paulo. Depois foi o irmão da minha cunhada e por último, um primo.

Li uma reportagem dia desses dizendo que, caso a Covid -19 tivesse tido o mesmo tratamento dado à Aids, não estaríamos nesta situação. Foi às custas de muita propaganda e informação que os brasileiros tomaram consciência sobre a doença. E a partir do momento em que a contaminação não se restringiu somente aos homossexuais e passou a ser de todos. Tanto que hoje em dia eles nem encabeçam o ranking de contaminação pela doença.

De acordo com o IBGE, a maior concentração de casos de Aids está entre os jovens, de 25 a 39 anos, de ambos os sexos, com 492,8 mil registros. Os casos nessa faixa etária correspondem a 52,4% dos casos do sexo masculino e, entre as quais mulheres, a 48,4% do total de casos registrados. Ou seja, estamos todos expostos à doença. E assim como a Covid, o único jeito de não pegar, é se prevenindo.

Foto: Acervo pessoal

Lembro do tempo em que a sigla era só LGBT e tinha um S no final, de Simpatizante. Eu era esse “S”, que todos os anos embarcava em um ônibus, rumo à Parada Gay de São Paulo. Era a mesma coisa que embarcar no filme Priscilla, aquela que era a Rainha do Deserto. Ninguém dormia, as drags se revezavam na dublagem do DVD do ônibus. Devo ter feito essa viagem umas cinco vezes. Tenho um arquivo fotográfico sensacional.

Foto: Acervo pessoal

Depois que as grandes capitais começaram a comemorar a data e Curitiba entrou no calendário, também registrei várias. E sempre de lugares privilegiados. Em cima de palcos e caminhões. E no meio da galera. Só quem já foi vai entender o sentido da palavra “gay”, que em tradução livre quer dizer “alegre, feliz”“.


O termo GLBTQI+ (Gays, Lésbicas, Bissexuais, Transgêneros, Queer, Intersexuais e o + abriga outras derivações), surgiu primeiro como GLS e ao longo dos anos foi sofrendo modificações. O termo ajuda a inclusão dos marginalizados. E só quem se encaixa em uma das letras sabe o que é ser um.

Raquel Tannuri Santana

Foto: Acervo pessoal

É jornalista, fotógrafa e cronista. Escreve esta coluna de segunda, com assuntos de primeira.

Foto: Acervo pessoal

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