A gente está tão acostumado com a correria do dia a dia que é preciso vir alguém de fora para mostrar coisas interessantes da nossa cidade. Para mim, uma visita com visão diferente me fez perceber sutilezas de Londrina. Nesse feriado, que tal uma volta pela cidade para observar detalhes?
Telma Elorza
Equipe O LONDRINENSE
Dias desses, uma amiga – que morou em Londrina há cerca de 30 anos – veio me visitar. E pediu para irmos passear pela cidade, para tentar lembrar da “velha” Londrina de sua memória. Num passeio de carro por todos os pontos turísticos da área central da cidade, acabamos visitando dois bairros tradicionais bem distintos. Impossível não fazer comparações de duas realidades tão diferentes.

No primeiro, o Bela Suíça, chegamos como um prolongamento da visita ao Lago Igapó e sua barragem. O bairro, embora já existisse quando ela morava aqui, está bem diferente de suas memórias. Ficou encantada com os casarões, as ruas vigiadas por câmeras e a total ausência de pessoas circulando pelas calçadas.

Prestando a atenção pela primeira vez, quase que “vendo pelos olhos dela”, a calmaria e o sossego, garantidos por seguranças muito bem posicionados e o monitoramento constante por dezenas de câmeras espalhadas por todos os espaços, me deram a impressão de quase um bairro fantasma, abandonado. Com a diferença, é claro, que nenhum local abandonado teria gramados tão bem aparados e pinturas em bom estado nas paredes.

A vida ali, no entanto, se esconde atrás de muros altos e muito espaço, em terrenos com média de mil metros quadrados. O bairro, que já concentrou o maior PIB do Estado (maior que muitos bairros nobres de Curitiba) e tem uma beleza arquitetônica inegável, traz a pasmaceira um domingo mormacento em plena segunda-feira.

Fomos parar do outro lado da cidade, na também tradicional Vila Casoni, bairro de muitas lembranças e dos primórdios de Londrina. Aliás, quem não conhece a Casoni não conhece Londrina. Ali, as casas não são impecavelmente pintadas, pelo contrário.
A maioria tem pintura descascada, boa parte é feita de madeira (acho que é o bairro de Londrina com maior número de casas de madeira por metro quadrado) e as calçadas são rachadas. Enfim, um bairro simples que há muito merecia ter alguma iniciativa empreendedora para voltar ao velhos tempos.

Nas vias principais, o tráfego é intenso, não há entradas e saídas monitoradas e as pessoas estão nas calçadas, sejam conversando com vizinhos, seja esperando clientes. Em algumas ruas, no entanto, a vida passa tão preguiçosamente quanto no bairro rico.

A arquitetura é simples, boa parte nem teve apoio de engenheiros e arquitetos para serem erguidos. Mas tem a originalidade do passado. Algumas casas, bares e estabelecimentos comerciais guardam as marcas do início da cidade. Para mim, deveriam ser tombados e preservados.
Na visita da amiga, redescobri dois locais que são significativos para mim.
Fotos: Raquel Santana