O extraordinário e mágico encontro com Paola

Por André Luiz Lima

Sabe essas surpresas que a vida nos oferece? Esses acontecimentos invisíveis que apenas artistas têm a permissão de acessar?

Pois é, assim começa minha história com Paola Vellucci.

Era uma vez na Dinamarca, no município de Holstebro, localizado na região ocidental, no condado de Ringkobing.

Um grupo de artistas mulheres, Bruna, Cristina e Paola, que podemos chamar de fadas, bruxas, estavam reunidas para resolverem uma demanda de Paola, nossa principal personagem dessa história.

Bruna, como por encanto, teve a brilhante ideia e, sorte minha, de dizer a Paola: você precisa se conectar com André Luiz Lima no Brasil, dê a ele a oportunidade desses vários olhares da sua trajetória.

Tenho certeza que Hans Christian Andersen, dinamarquês, o pai dos contos de fadas, se fez presente neste momento.

Vamos lá! Paola Luna Vellucci, italiana de Roma, naturalizada brasileira e que vive no Rio de Janeiro, atriz desde a década 70 na Itália, diretora artística, produtora desde a década de 80 no Rio, integrante do Magdalena Project, uma rede internacional de mulheres atuantes na cena contemporânea, ou seja, mulheres que enfrentam um caminho de libertação, de auto descoberta, de luta por um mundo mais digno.

Paola chegou no Brasil e me ligou. Fiquei estático por alguns momentos, percebendo as mensagens que a vida estava me dando, e como ela tem o bastão do poder, me ajudou a passar pelo portal de trocas tão íntimas, dessa força poderosa, desse gênero feminino de ser.

Fui até o Rio de Janeiro. Enquanto nos conhecíamos, começamos a trabalhar no processo de seu espetáculo solo chamado Gotas d’água.

O cenário encantador da Urca, desde a janela da casa de Paola, com vista para o Cristo Redentor, Baía de Guanabara, casa de Carmen Miranda e, aos fundos, o majestoso Pão de Açúcar, me fez perceber seu olhar estético, unindo a força que defende seus direitos, criando forças invisíveis capazes de quebrar quaisquer barreiras, como uma poção mágica, onde nada pode detê-la, nem as distâncias, nem as dificuldades da vida, nem as repressões brutais da Inquisição.

E assim fui sendo discípulo, aprendendo que o ponto de vista alheio é muito valioso e nos ensina a maneira de escutar e colocar em prática tudo aquilo que ouvimos, sem interromper a sabedoria compartilhada.

Lembrando-me de que todos os sinais de vida e todas as escolhas estão disponíveis para aqueles que sabem ouvir.

No percurso de investigação de Paola, gotas d’água formam oceanos e, com a mesma fluidez e correnteza da água, uma mulher percorre fragmentos de sua história em uma pequena gota de emoção, uma maneira de pensar no ofício do ator.

Passamos pela experiência em seu país de origem, os conflitos e suas consequências; a emigração – resultado de sua vida política e afetiva; e por último a perda e as possibilidades do presente e do futuro.

Uau! Quantas informações a serem processada e, ao mesmo tempo, nossas diferenças tão iguais.

Como me foi oferecido a mágica, fui me abrindo para uma expansão da consciência, para um bem maior, uma força a mais para cumprir minha jornada, olhar para mim mesmo, melhorar meus relacionamentos, ampliando minha visão.

Meu encontro com Paola e outras tantas Paolas, Natalinas, Carmens, Brunas, Marcias, Marias, Rosas… me permite diariamente quebrar paradigmas, respirar, entrar no agora trazendo coragem e determinação para sair da minha zona de conforto e enfrentar o que realmente sou, ou seja, Simplesmente Ser!

O dinamarquês dos contos de fadas Hans Christian Andersen acreditava que a igualdade de direitos deveria reger o mundo e a relação entre os homens.

Viva a Vida, André!

André Luiz Lima

Londrinense, ator, diretor, professor, palestrante e produtor cultural