Meus encontros com o passado e o presente em Londres

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Por André Luiz Lima

Na Arte dos Encontros, vou decifrando mistérios, que acho bem divertido, e construindo as rotas que me trouxeram até aqui. Escrever esta coluna é como abrir um portal para memórias, sensações e pensamentos que parecem surgir do nada, pedindo atenção. Cada texto é uma tentativa de me encontrar com vocês nesse caminho, de filosofar sobre a vida e, quem sabe, descobrir pistas que nos ajudem a entendê-la melhor.

Uma das lembranças que me veio ao escrever foi a da Pedra de Roseta, que vi no Museu Britânico, em Londres. Aquela pedra, que serviu como chave para decifrar línguas há muito perdidas, me parece um símbolo perfeito para o papel das nossas memórias: elas nos ajudam a interpretar quem fomos, mas não nos definem no presente.

Nos meus encontros, eu decifro mistérios e construo memórias e rotas que me trouxeram até aqui. Foi o que me aconteceu em Londres.
Fotos: Pexels

Londres, para mim, foi mais do que uma cidade. Foi o primeiro refúgio, a porta de entrada para o mundo adulto. Cada esquina, cada experiência ali, parecia ser um pedaço do quebra-cabeça da minha identidade. Eu buscava aventuras, aprendizados e enfrentava o desconhecido com a coragem típica de quem tem a vida toda pela frente.

Novos encontros

Mas os anos passaram e a necessidade de voltar àquela cidade crescia em mim. Era como se um ciclo precisasse se fechar, algo precisasse ser resolvido.

Quando finalmente retornei, percebi como tudo havia mudado. Ou, talvez, como eu havia mudado. Os lugares estavam ali, intactos, mas as pessoas, os momentos e as energias eram outras. Foi quando me dei conta de que o que eu buscava não estava em Londres, mas dentro de mim. Fechar ciclos não é revisitar o passado; é aceitá-lo e seguir adiante.

Esse aprendizado me levou ao princípio hermético da polaridade, que nos lembra: “O que está em cima é como o que está embaixo.” A vida é feita de opostos que se complementam, ciclos que começam e terminam, mas sempre nos movem em direção ao equilíbrio. Londres, para mim, foi esse ponto de partida e retorno, um lugar de encontros comigo mesmo.

Na minha primeira temporada na cidade, tudo era novo: a cultura, o clima, as responsabilidades, a língua. Eu era desafiado a cada passo e esses desafios me revelavam partes de mim que ainda não conhecia. Aprendi a tomar decisões por mim mesmo, a lidar com as incertezas e a descobrir a beleza nos detalhes do cotidiano.

No meu retorno, anos depois, a recepção calorosa no aeroporto foi o primeiro sinal de que, embora tudo ao redor parecesse familiar, eu estava diferente. Vi claramente que o que precisava resolver já não era sobre o lugar, mas sobre mim.

A vida está em constante transformação, e permitir-se mudar é um ato de amor próprio. É a maior permissão que podemos nos dar nessa jornada em direção a nós mesmos. Como disse Hermann Hesse:
“A vida de cada homem é um caminho em direção a si mesmo, a tentativa de um caminho, o esboço de um caminho.”

Permitir-se é, talvez, a maior permissão que podemos nos dar nessa jornada em direção a nós mesmos.
Tenho feito esse exercício todos os dias para me lembrar do compromisso que tenho comigo mesmo.

Viva a Vida, André.

André Luiz Lima

Londrinense, ator, diretor, professor, palestrante e produtor cultural. Siga os Instagrans de André@allconnecting @aondevaiandre

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