“Eu tenho 22 anos, sou bonita, mas tenho uma buceta muito feia, com os pequenos lábios muito grandes e escuros. Sempre a achei horrível e os caras com quem tive relações ficam espantados quando olham. Alguns fizeram cara de nojo e, depois disso, nunca mais deixei ninguém fazer sexo oral em mim. Será que uma plástica resolveria minha autoestima?”
A leitora expressa uma dúvida que, de modo geral, afeta milhões de mulheres no mundo todo: o medo de ter uma buceta feia. Isso se deve, principalmente, à popularização dos vídeos pornôs profissionais, que trazem, em sua maioria, mulheres com genitálias depiladas, rosadas, pequenas e perfeitamente simétricas. Isso fez com que se tornasse um “padrão de beleza” íntima. A mulher real, comum, acha difícil competir com isso. E lota consultórios de cirurgiões plásticos buscando o “padrão”.
Atualmente, o Brasil é o líder mundial nas cirurgias plásticas íntimas femininas – a plástica vaginal. Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), o procedimento aumentou em mais de 80% nos últimos anos. Segundo levantamento feito pela sociedade, em 2016 mais de 23.000 mulheres fizeram esse tipo de cirurgia, 2,8% de todas as 839.288 operações estéticas realizadas naquele ano.
O que essas mulheres esquecem é que homem que é homem gosta de pepeca de qualquer maneira, seja ela grande, pequena, escura, clarinha, gordinha, magrinha, depilada ou não. O cara que tem nojo não gosta da coisa e não merece uma segunda chance. Tentar se adequar ao “padrão” – quando nenhuma pepeca no mundo é igual à outra – para agradar um machinho não vale a pena. O corpo feminino é lindo, seja a forma que tenha. Por isso, talvez seja o caso da leitora tentar fazer terapia para se aceitar antes de partir para uma solução radical, como a plástica. Que, como qualquer cirurgia, tem riscos.
A coisa muda de figura se os pequenos lábios grandes incomodarem na hora de fazer sexo, causando dor. Aí é indicada uma ninfoplastia, que corresponde a retirada do excesso de pele dos pequenos lábios. Porém, até nesse caso, é preciso tomar cuidado com a escolha do cirurgião. Ele precisa ser especialista em cirurgia plástica e ser associado da SBCP. Não é qualquer pessoa que pode mexer na nossa amiguinha.
Então, pense bem antes de partir para uma plástica. Talvez seja melhor partir mesmo para terapia, para trabalhar sua autoestima e não depender do formato da pepeca para ser feliz.
Telma Elorza
Jornalista profissional, palpiteira e galhofeira. Adora dar pitaco na vida dos outros enquanto vai levando a sua na flauta.
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Foto: Dainis Graveris/Pexels
