Por Telma Elorza
“Masturbação faz mal à saúde?”
Desde que escrevi a primeira coluna do Tia Telma Responde, eu tenho recebido várias perguntas sobre masturbação. Algumas já respondi em diversas ocasiões, mas essa é a primeira vez que me perguntam se masturbação faz mal à saúde. Não sei a idade da pessoa que perguntou, nem se é homem ou mulher. Chegou num e-mail obviamente criado para não ser identificado, coisa de quem tem muita vergonha de falar de sexo. Mas claro que, mesmo assim, eu vou responder porque essa pessoa está REALMENTE precisando de ajuda.
A ideia de que a masturbação faz mal à saúde tem raízes em crenças antigas, religiosas e culturais, que surgiram ao longo dos séculos. Muitas das tradições religiosas associam o prazer sexual com pecado e imoralidade. Para essa moral religiosa, o sexo só deve ser desfrutado com fins de pocriação. Por prazer apenas, nunca! A masturbação ainda é vista, em algumas religões como um ato de luxúria, um pecado, o que gerou a percepção de que ela é prejudicial moral e espiritualmente. Para essas crenças, quem se masturba tem um lugar garantido no inferno.
Essa concepção de masturbação como pecado foi reforçada pela medicina pré-moderna. Na Idade Média, por exemplo, acreditava-se que a perda de sêmen enfraquecia o corpo do homem e podia causar doenças. Nos séculos XVIII e XIX, alguns médicos europeus afirmavam que a masturbação levava à cegueira, loucura ou doenças físicas debilitantes. Um exemplo famoso é o livro “Onania”, de 1712, que alertava sobre “perigos” da masturbação. Já às mulheres não se podia sequer cogitar que se masturbassem. Nem se falava nisso, porque as mulheres que ousassem a tal ato era, no mínimo, expulsa da sociedade, para não dizer castigos piores. Muitas foram queimadas na fogueira, chamadas de bruxas, por serem apenas sexualmente livres.
A repressão à masturbação continuou por séculos e, ao longo do tempo, essas ideias evoluíram em mitos, como a crença de que masturbação causava acne, crescimento de pelos nas mãos ou perda de força vital. Esses mitos foram amplamente propagados sem qualquer base científica. Hoje, a ciência refuta essas crenças e confirma que a masturbação é uma prática normal e saudável para o corpo e a mente.
É interessante notar que, embora a repressão ainda continue em segmentos religiosos e muita gente, infelizmente, ainda pense assim, a sociedade evoluiu no sentido de encarar a masturbação como algo SAUDÁVEL, normal e prazeroso, tanto para homens como mulheres. Eu sempre recomendo às minhas leitoras que se masturbem como uma forma de conhecimento do próprio corpo. Se uma mulher não sabe como reage a determinadas carícias, quais zonas erógenas a estimulam melhor e nem sabe como é ter um orgasmo, vai continuar aceitando relacionamentos merdas e homens fodem-mal. Simplesmente por desconhecer o próprio corpo.
Por isso, vou listar alguns benefícios da masturbação que já foram comprovados pela CIÊNCIA. Confira:
Benefícios da masturbação para homens e mulheres
Redução do estresse: A masturbação libera endorfinas, o que ajuda a aliviar o estresse e promover uma sensação de bem-estar.
Melhora do sono: O orgasmo pode ajudar a relaxar o corpo e a mente, facilitando o sono.
Aumento da circulação sanguínea: Durante a excitação e o orgasmo, o fluxo sanguíneo aumenta, o que é benéfico para a saúde cardiovascular e também para a pele.
Fortalecimento do sistema imunológico: Alguns estudos sugerem que a liberação de hormônios e endorfinas durante o orgasmo pode fortalecer o sistema imunológico.
Saúde sexual: Pode melhorar a consciência corporal e ajudar a aumentar o prazer nas relações sexuais, além de promover o autoconhecimento.
“Mas e se a pessoa se masturba demais, Tia Telma”? E eu respondo: depende do quanto você consideraria “demais”. Uma vez por dia, duas vezes? O único problema que vejo está na compulsão. Se masturbar compulsivamente de forma que a prática domina todo o tempo e as energias, afetando o trabalho, os estudos ou as relações pessoais, aí é problema e a pessoa precisa de ajuda. Sugiro procurar um psiquiatra.
Ou seja, como em tudo na vida, é preciso ter um equilíbrio. Se houver excessos, pode sim, prejudicar corpo e mente. Por exemplo, escrevi uma coluna sobre a Síndrome do Punho de Ferro, sobre um cara que não conseguia gozar no sexo com a companheira e só gozava na punheta. Para quem tem preguiça de clicar no link, dou uma resumidinha aqui:
“Síndrome do Punho de Ferro, segundo especialistas, é um problema que acomete homens, principalmente os mais jovens, acostumados a praticar constantemente uma masturbação mais agressiva, fazendo forte no pênis e movimentos fortes ritmados com a mão. Digamos que o pau ‘se acostuma’ com uma pressão maior que a relação sexual oferece. A vagina ou ânus não tem a mesma ‘força’ para aplicar ao pênis, que perde um pouco a sensibilidade pela prática rotineira. Assim, ele deixa de sentir o atrito produzido numa transa. Isso leva ao retardo do orgasmo, podendo fazer que o cara ou perca o tesão ou leve horas para gozar.”
De modo geral, no entanto, masturbação faz muito bem ao nosso físico e psicológico. Ou seja, pode se masturbar sem medo, que você vai estar contribuindo com sua saúde, seja homen ou mulher. Só não exagere, hehehe.
Espero ter ajudado.
Tem dúvidas sobre sexo? Mande um e-mail para telma@olondrinense.com.br
Quem é Tia Telma?
Jornalista, divorciada, xereta por natureza e que sempre se interessou muito por sexo. Com a vida, aprendeu várias coisas, mas a principal é que sexo é uma coisa natural e deve ser sempre prazeroso.
Leia mais colunas Tia Telma Responde
Siga O LONDRINENSE no Instagram e Facebook
(*) O conteúdo das colunas não reflete, necessariamente, a opinião do O LONDRINENSE.