De aposentadoria, mas ainda não de reforma da previdência.
De aposentadoria como uma etapa de nossa vida pessoal.
Daquela fase que vem logo depois da etapa dita “produtiva” em nossa vida que é quando a gente gera riqueza para sociedade e sobrevida econômica para nós mesmos. Nesta fase ainda temos uma identidade social, um papel a cumprir e por eles nos inserimos e somos reconhecidos pelos demais, ao nosso redor. A gente é o gerente do banco, o operário da construção civil, o médico, o advogado, o gari, enfim aquele que faz um trabalho que o identifica e que o insere na sociedade para além dos limites de seu círculo familiar mais próximo.
Quando chega a aposentadoria tão sonhada, desejada e merecida, nossa vida sofre uma mudança brusca. As vezes imperceptível no início, mas que pode se tornar marcante na evolução.
Deixamos de ser aquele profissional ou agente produtivo quer éramos antes. Quando nos damos por conta, perdemos nossa identidade social, encolheu nosso círculo de relacionamento, podemos até ficar sem saber ao certo o que fazer de nossos dias. E isto é uma porta aberta para o isolamento social, um risco certo para a depressão e suas consequências.
Por isto, pensar previamente sobre o momento da aposentadoria deve ser uma questão a ser avaliada em nossas vidas, antes de sua chegada.
O que eu gostaria ou poderia fazer quando estiver aposentado?
Trabalho voluntário; iniciar aquele pequeno negócio que você sempre sonhou, mas não tinha tempo; atuar numa entidade ou instituição social; dar aulas na área de conhecimento que você sempre atuou (remuneradas ou mesmo voluntariamente a crianças ou idosos em alfabetização, por exemplo); montar no fundo de casa aquela oficina de trabalhos manuais com madeira, tintas, etc.
São infinitas as possibilidades. O importante é pensar antes, organizar -se previamente, curtir o primeiro período da aposentadoria, quando não fazer nada ainda está gostoso, para na fase seguintes, quando ficar chato, iniciar seu novo projeto de vida e tornar o tempo da aposentadoria, numa vida nova e plena.
Pense nisto.
Foto: Pixabay
Gilberto Martin
Médico, mestre em Saúde Coletiva e especialização em Saúde Pública, fui secretário de saúde do Estado do Paraná, do município de Cambé e do município de Londrina. Também fui prefeito de Cambé e deputado estadual pela região. Militou no Movimento estudantil da década de 70 no Poeira e foi da primeira diretoria da UNE. Sempre trabalhei na saúde pública, atualmente como médico do ambulatório da Rede de Atenção à Saúde Integral do Idoso no CISMEPAR e na 17ª. Regional de Saúde. Defendo e luto pelo SUS. Dou aulas de Geriatria e de Gestão em Saúde na PUCPR, Londrina. Coordenador da ALUMNI – Associação de ex-alunos da UEL, gosto de correr nas ruas (pelo menos três vezes por semana), de fazer trilhas por campos e morros, de cinema e literatura. Sonho com um Brasil mais justo e menos desigual.