Manual traz dez dicas simples para evitar acidentes que causam queimaduras; pesquisa mostra que a maioria acontece dentro de casa e envolve crianças
O LONDRINENSE com assessoria
Os números de pessoas acometidas por acidentes envolvendo queimaduras seguem em crescente, fator que gera preocupação entre os profissionais de saúde que atuam, diariamente, frente à recuperação desses pacientes. No Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE), em Ananindeua, Pará, não é diferente.
Pensando em informar e conscientizar as pessoas sobre os meios de prevenção aos acidentes envolvendo queimaduras, o Hospital Metropolitano lança um livro digital, com acesso gratuito para todos. Nomeado de “Xô, Queimadura”, o e-book está disponível para download na internet e pode ser acessado neste link.
Entre as diversas dicas que compõem o material, estão itens básicos como não acender a churrasqueira com álcool; não utilizar o aparelho celular enquanto estiver carregando e não deixar vários equipamentos ligados na mesma tomada.
A iniciativa para a criação do conteúdo se deu a partir de uma pesquisa realizada por estudantes de fisioterapia, conduzida pelo Departamento de Ensino e Pesquisa do Hospital Metropolitano que constatou que, de cada dez acidentes que resultaram em queimaduras, oito aconteceram dentro de casa e metade afetou crianças com até 12 anos de idade.
A unidade, pertencente à rede do Governo do Estado do Pará e gerenciada pela Pró-Saúde, presta atendimento 100% gratuito por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), sendo referência para mais de 140 municípios e pacientes encaminhados por outros estados do Norte do país.
Com base nos relatos mais frequentes de atendimentos feitos no Metropolitano, a hipótese é que a maioria dos acidentes acontece quando os responsáveis estão segurando as crianças no colo enquanto cozinham ou enquanto realizam outras atividades domésticas. Esse tipo de acidente, segundo a pesquisa, também atinge as mães — em 20% dos casos, por exemplo, mulheres com idades entre 31 e 45 anos foram atingidas.
“Os acidentes podem ser os mais variados, desde uma fogueira no quintal ao manuseio de isqueiro, fósforo e fogão ou até mesmo o cabo da panela virado para fora. É importante que as pessoas sigam em alerta e vigilantes para que os casos diminuam e que tenhamos cada vez menos crianças acometidas com queimaduras que, em muitas vezes, deixam sequelas graves e irreversíveis”, diz Leonardo Ramos, coordenador de Ensino e Pesquisa do HMUE.
O estudo foi divulgado no site da Revista Brasileira de Queimaduras, referência nacional em pesquisas sobre a temática, em setembro deste ano, e teve como base a análise de 553 prontuários de pacientes internados no hospital, no período de janeiro de 2017 a dezembro de 2018.
Rômulo Roberto Conceição, 56, é comerciante e mora em Maracanã, interior do Pará. Ele é pai do pequeno ítalo Pinto, de apenas seis anos, que está há mais de um mês internado no Hospital Metropolitano para tratar as queimaduras sofridas após cair em um buraco com chamas de fogo.
“Eu pensei sim que perderia o meu filho. É uma dor que só quem é pai pode sentir ao ver o seu filho naquela situação, mas graças a Deus ele está bem e se recuperando”, comenta. “O acidente é sempre muito rápido, então o cuidado deve ser redobrado. Ele estava brincando de pipa no quintal e caiu no buraco com mais de um metro de profundidade”, lembra.
Ionan Dias de Carvalho tem 29 anos e é mãe de Bianca Carvalho, de dois anos, que também se acidentou brincando próximo a uma fogueira. Vindas de Barcarena, a pouco mais de 200 km de Belém, mãe e filha passaram pela Unidade de Tratamento Intensivo do HMUE e hoje estão na enfermaria.
“O susto foi enorme. Eu não estava em casa no momento do acidente só o meu marido e meus outros filhos. Ela estava brincando no quintal próximo a uma fogueira e houve uma explosão que atingiu várias partes do corpo dela. Quando sair aqui do hospital, os cuidados que já existiam serão redobrados”, diz Ionan.
Assim como nos casos dos pequenos ítalo e Bianca, grande parte dos acidentados por queimaduras é encaminhada para o centro de queimados do Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência, em Ananindeua, considerado o mais avançado e importante local de atendimento público em toda a região Norte.
“Os nossos esforços são para que essas pessoas que precisam de rápido tratamento o recebam e, mais que isso, consigam êxito durante todo o processo de internação e não só passem por aqui como estatística. Todos aqui atuam com isso em mente, com foco no ser humano”, diz a diretora Hospitalar do Hospital Metropolitano, Alba Muniz.
Aproximadamente um milhão de acidentes com queimaduras acontecem todos os anos no Brasil. Desse total, estima-se que 100 mil pacientes buscam atendimento médico e outros 2.500 não resistem às lesões e morrem. Para atender os pacientes vítimas de queimaduras, o SUS destina cerca de 55 milhões de reais todos os anos.
Humanização no atendimento
Dentro do Hospital Metropolitano, os doentes contam com atendimento multiprofissional que envolve médicos, enfermeiros, psicólogos, além de fisioterapeutas para a realização de exercícios por meio de recursos como, por exemplo, a gameterapia. Muitos passam, ainda, por cirurgias complexas, onde são usados métodos que atuam para diminuir o risco de amputação de membros e aceleram a recuperação do paciente.
“Quando o paciente chega ao hospital para o tratamento de uma queimadura, ele chega fragilizado. É um processo que envolve uma equipe de profissionais e exige tempo e resiliência para resultados consideráveis”, diz Nellyane Ferro, coordenadora de enfermagem do Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do HMUE.
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