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62% das mulheres esperam fim da pandemia para retomar exames de detecção de câncer de mama

Pesquisa realizada mostra que consultas médicas e exames de rotina foram adiadas para depois

O LONDRINENSE com assessoria

Desde que o novo coronavírus chegou ao Brasil, em março deste ano, e a população foi orientada a permanecer em casa, 62% das mulheres do universo pesquisado deixaram de ir ao ginecologista ou ao mastologista. Entre as que têm 60 anos ou mais e pertencem ao grupo considerado de risco, o índice é ainda mais elevado: 73% disseram estar à espera do fim da pandemia para marcar uma consulta médica e realizar exames de rotina, que poderiam detectar doenças como o câncer de mama.

Os resultados fazem parte da pesquisa “Câncer de mama: o cuidado com a saúde durante a quarentena”, realizada pelo IBOPE Inteligência a pedido da Pfizer. O levantamento foi feito entre os dias 11 e 20 de setembro, por plataforma on-line, com 1400 mulheres de 20 anos ou mais, das classes A, B e C. A amostra foi coletada em São Paulo (capital), no Distrito Federal e nas regiões metropolitanas de Belém, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Recife.

“Embora o momento exija cuidados para evitar a contaminação pelo novo coronavírus, atrasar consultas e exames pode significar se expor a riscos desnecessários. O monitoramento da saúde precisa permanecer em dia, pois alguns tipos de cânceres mais agressivos podem se desenvolver rapidamente. Além disso, estamos falando de uma doença na qual um mês pode fazer toda a diferença no tratamento”, afirma a diretora médica da Pfizer, Márjori Dulcine.

Ainda que o câncer de mama seja o tumor mais frequente entre as mulheres, – desconsiderando-se o câncer de pele não melanoma – e mais de 65 mil novos casos por ano deverão surgir no Brasil até 2022 segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a prevenção à doença ainda ocorre de forma tardia no país.

De acordo com a pesquisa, 72% das mulheres entrevistadas vão ao ginecologista ou ao mastologista regularmente, pelo menos uma vez ao ano. Contudo, uma em cada quatro respondeu que não conversa com o médico sobre prevenção, nem recebe orientações sobre a importância do checkup anual e do autoexame ou, quando o assunto é abordado, é feito sem muita ênfase na prevenção do câncer de mama. 

O levantamento revela ainda que a oferta mais sistemática de informações sobre prevenção nos consultórios ocorre, sobretudo, a partir dos 40 anos. Entre as mulheres de 20 a 29 anos que participaram da amostra, 32% disseram não conversar sobre prevenção com o médico ou não receber informações suficientes – índice equivalente ao registrado no grupo das mulheres de 30 a 39 anos.

Embora as diretrizes não preconizem a mamografia para mulheres nessa faixa etária, a atenção a fatores de riscos para prevenção do câncer de mama deveria ser abordada mais cedo. A prevalência do câncer de mama em mulheres jovens, com menos de 35 anos, no Brasil é de 4 % a 5%.  Como esse grupo está fora do público de rastreamento, e a frequência de tumores agressivos é maior nessa faixa etária, muitas vezes o diagnóstico se dá em uma fase mais avançada2.

“O câncer de mama não tem uma causa única. Diversos fatores estão relacionados ao aumento do risco de desenvolver a doença, como idade, questões hormonais, história reprodutiva, aspectos comportamentais e ambientais, entre outros. Os fatores hereditários correspondem a apenas 5% a 10% do total de casos de câncer de mama. É muito importante que desde cedo as mulheres sejam informadas adequadamente e orientadas a cuidar da sua saúde da melhor maneira possível”, ressalta Maria Del Pilar Estevez Diz, Diretora de Corpo Clínico e Coordenadora da Oncologia Clínica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo – ICESP, Oncologista Clínica da Rede D’Or – Onco Star e Hospital São Luiz do Itaim.

Ainda que com o avançar da idade aumentem as chances de desenvolver câncer de mama, para 27% das mulheres pesquisadas na faixa etária que vai de 50 a 59 anos o médico não costuma solicitar mamografia ou ultrassom. Esse número sobe para 29% no grupo com 60 anos ou mais.

Por outro lado, 69% das entrevistadas conhecem alguém que esteja com câncer de mama ou teve a doença, sejam elas próprias, familiares, amigos ou conhecidos. Desse total, 66% acreditam que esse conhecimento as motivou muito a se cuidarem melhor e a investirem mais na prevenção, sobretudo devido ao medo de viver uma experiência semelhante.

As mulheres entre 30 e 39 anos abordadas pela pesquisa são as que têm uma visão mais negativa do câncer: 55% relacionam a doença primeiramente a medo, sofrimento e morte.

A pesquisa revelou ainda que apesar do movimento outubro rosa existir há mais de 15 anos com o objetivo de alertar para o câncer de mama, a desinformação sobre a doença ainda é grande. Por exemplo, entre as mulheres entrevistadas, 63% não sabem que a amamentação é um fator protetivo contra a doença.

Um dos mitos muito disseminados é o de que o câncer só é desenvolvido por quem já teve caso na família – 37% acreditam nesta afirmação ou não sabem se ela é verdadeira. Outros temas também demonstram o grande desconhecimento: 74% não sabem ou acreditam que é verdadeira a relação entre traumas na mama e o aparecimento doença.

“O desconhecimento em torno dos fatores de riscos reforça a importância que movimentos como o Coletivo Pink têm para levar informação segura e de qualidade para ajudar a população, principalmente a feminina, a reconhecer e evitar os fatores de risco”, conclui Márjori.

Foto: Ave Calvar Martinez no Pexels

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