Depressão: quando a tristeza não pára

tristeza

O número de pessoas com transtornos mentais comuns em todo o mundo está aumentando, particularmente em países de baixa renda, porque a população está crescendo e mais pessoas estão vivendo até a idade em que a depressão ocorre mais comumente. A depressão é uma doença caracterizada por tristeza persistente e perda de interesse em atividades que normalmente esta pessoa costumava gostar, acompanhada por uma incapacidade de realizar atividades diárias, por pelo menos, duas semanas.

Além disso, pode haver perda de energia; uma mudança no apetite; dormir mais ou menos; ansiedade; concentração reduzida; indecisão; inquietação; sentimentos de inutilidade, culpa ou desesperança; e pensamentos de auto-agressão ou suicídio. Algo que pode acontecer a qualquer um. Não é sinal de fraqueza. Trata-se de uma doença que tem tratamento com terapias psicoteráicas ou medicação antidepressiva ou uma combinação dessas metodologias.

A depressão é um transtorno mental bastante comum, uma vez que, globalmente, mais de 300 milhões de pessoas de todas as idades sofrem com esta doença, sendo a principal causa de incapacidade em todo o mundo e um dos principais contribuintes para a carga global de enfermidades. No Brasil, cerca de 5,8% da população sofre com alguma forma de depressão.

É uma das principais causas de anos perdidos por incapacitação segundo a Organização Mundial da Saúde. (OMS). É uma doença grave associada com um nível considerável de morbidade, risco de suicídio e consequências sociais indesejadas. O mais preocupante é que os adolescentes com transtorno depressivo maior têm até 30 vezes mais chances de cometer suicídio. Além disto, tem alto impacto socioeconômico, com custo comparável ao das doenças crônicas graves. Também há aumento na utilização de serviços de saúde; dias de trabalho perdido (absenteísmo); impacto nos cuidadores que também sofrem com a doença do familiar. Muito comum estar associada a outras doenças, agravando situações clínicas e interferindo no diagnóstico.

A depressão é responsável por 10% ou mais das internações em hospitais psiquiátricos. Cerca de 6 a 17% dos pacientes que procuram serviços de atenção primária sofrem de depressão maior. Em geral, mais mulheres são afetadas pela depressão do que os homens, tendo aumento de prevalência nelas entre os 55 e 74 anos de idade. É duas vezes mais comum em mulheres que em homens. Entre as possíveis razões para isto podemos incluir: variados estresses, tais como parto, modelos comportamentais de aprendizado social e cultural de que a mulher é ” um ser inferior”, além de efeitos hormonais.

A idade média de início é aos 40 anos. Mas a depressão também pode iniciar em crianças, assim como entre os idosos. Cerca de 50% dos pacientes têm início entre 20 – 50 anos. É mais comum em pessoas que não têm relações interpessoais íntimas ou são divorciadas ou separadas. Importante associação com história de depressão na família.  O componente genético é forte, mas não é independente.

Apenas 35% das pessoas com depressão são diagnosticadas corretamente e têm um tratamento adequado. Portanto a depressão segue sendo subdiagnosticada e subtratada, tornando-se resistente: uma condição crônica, difícil de ser tratada e um fardo financeiro para todos os sistemas de saúde. Os pacientes com depressão resistente têm custos médicos significativamente mais altos e têm duas chances de serem hospitalizados, resultando em um aumento de 6 vezes nos custos médicos gerais em comparação com os pacientes sem depressão refratária. No ano 2000, por exemplo, o custo total da depressão de adultos foi estimado em mais de £ 9 bilhões na Inglaterra e os custos de tratamento direto foram de £ 370 milhões. De fato, estima-se que a depressão incluindo o tratamento de comorbidades tenha custado à economia dos EUA mais de US $ 210 bilhões em 2010.

Considera-se a depressão como uma das causas mais frequentes do suicídio, podendo instalar-se de forma secundária, advinda de várias condições médicas ou dos mais diversos eventos morais. Em dados fornecidos pelo Jornal de Psiquiatria,de 2001 da Universidade Federal do Rio de Janeiro, não houve uma diminuição na taxa de suicídios, mesmo com o aparecimento das drogas mais modernas. Cerca de 30 a 40% dos deprimidos pensam em se matar e 10 a 15% dos deprimidos cometem suicídio. Em adolescentes isto se torna mais alarmante. Suicídios são evitáveis. Não há problema em falar sobre suicídio. Perguntar sobre suicídio não provoca o ato de suicídio. Muitas vezes, reduz a ansiedade e ajuda as pessoas a se sentirem compreendidas.

Entre as principais sugestões para combater esta morbidade estão:

  • Converse com alguém em quem você confia sobre seus sentimentos (a maioria das pessoas se sente melhor depois de falar com alguém que se preocupa com elas.
  • Procure ajuda profissional. Pode ser seu médico ou especialista de saúde local. Lembre-se de que, com a ajuda certa, você pode melhorar.
  • Acompanhe as atividades que você costumava aproveitar quando estava bem; permaneça conectado.
  • Mantenha contato com a família e amigos.
  • Exercite-se regularmente, mesmo que seja apenas uma curta caminhada.
  • Atenha-se a comer e dormir  e aceite que você pode ter depressão.
  • Ajuste suas expectativas, uma vez que você pode não conseguir realizar tanto quanto costumava fazer.
  • Evite ou restrinja a ingestão de álcool e abstenha-se de usar drogas ilícitas (esses componentes podem piorar a depressão).
  • Se você estiver pensando em suicídio, entre em contato com alguém para pedir ajuda imediatamente.

Foto: VisualHunt

Alessandra Diehl

Psiquiatra, educadora sexual, escritora, especialista em Dependência Química e Sexualidade Humana.

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