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Nunca vou esquecer do choque de ver minha boca por dentro

Na minha saga para reverter os efeitos da displicência com minha saúde bucal durante a pandemia, aprendi mais uma coisa: os dentes, assim como o resto do corpo, envelhecem

Telma Elorza

O LONDRINENSE

Como vocês puderam perceber, na matéria da semana passada, eu fiquei deslumbrada com o scanner intraoral que o dentista José Norberto Garcia Nesello, da Inplancare, usou para fazer uma moldagem virtual da minha boca, porque substitui com vantagens a moldagem tradicional. Mas, ao mesmo tempo, também foi assustador ver a realidade dos meus dentes, ali, à cores, na telona de TV onde o Norberto espelhou a tela do computador. Gente, a boquinha só parece bonita porque ninguém está vendo lá por dentro. E ele disse que a minha não era das piores. Socorro! Quando se pensa nisso, a gente perde toda a vontade de beijar bocas alheias. Vai saber o que esconde, né?

O scanner captura imagens na boca, ou seja, tira cerca de mil fotos HD com muita rapidez, e um programa de computador organiza tudo, selecionando as melhores para formar uma imagem única tridimensional. O resultado é perfeito e, infelizmente para mim, mostra cada detalhe de cada dente, inclusive pelo avesso. “A realidade da boca é transferida para o 3D da tela, e a gente pode movimentar essa imagem para mostrar ao paciente para que ele entenda e participe do processo de diagnóstico. É uma realidade que ele nunca tinha visto antes desta forma”, diz Norberto. A moldagem antiga possibilitava obter um modelo com a consistência e cor do gesso, não dava detalhes importantes nem para o dentista nem para o paciente.

Um exemplo? Pude ver, na imagem que o Norberto projetou na tela, que estou com uma infecção nas raízes de um dos dentes quebrados, simplesmente observando a cor ligeiramente arroxeada da gengiva em volta dele, embora não estivesse sentido dor no momento, apenas um discreto latejamento. Agora que sei, começou a doer. Psicológico, né? Antes, seria apenas a palavra do dentista indicando o problema porque ele era o único que veria aquilo. Quanto à infecção, já marcamos a cirurgia para retirada dessas raízes. Enquanto isso, comecei a tomar antibióticos.

Veja o vídeo do escaneamento da minha boca:

Também pude observar que o consumo de café (muito, aliás), cigarros e alimentos com corantes naturais (beterraba, que eu adoro, é um deles) e artificiais (catchup, por exemplo, que não pode faltar nos lanches e na pizza, não me batam!) fez escurecer a parte traseira dos dentes, aquela que ninguém vê, pois fica voltada para a língua ou o palato. Horrível. Parece sujo, mas é mancha entranhada na ranhura dos dentes. E que a prótese que coloquei há uns cinco anos quebrou a parte do dente fake e estou com o metal aparecendo. Também entre os problemas estão as obturações antigas nos molares, feitas em amálgama (que é uma espécie de metal) que deixaram a “casca” do dente que sobrou escura. Percebi o desalinhamento na mordida, causada pela perda de um molar do lado direito, fazendo minhas arcadas dentárias se tocarem apenas em dois pontos, o que pode gerar ainda mais problemas futuros. Também pude notar o recuo das gengivas, que já está expondo parte da raiz de alguns dentes. O Norberto ia indicando na tela e eu vendo tudo aquilo. Com vontade de chorar. 

Mas, o que me chocou mesmo, foi perceber que os dois dentes frontais superiores apresentam marcas de idade. O que? Isso mesmo. Eles estão envelhecendo juntamente com o corpo desta que vos escreve. Eles apresentam desgastes e podem se quebrar. Um deles já tem uma pequena lasca quebrada no serrilhado (que eu considerava um charme) e o outro, uma espécie de risco vertical imperceptível à olho nu, uma espécie de microtrinca de esforço. Provavelmente terei que por lentes. Ai! Sempre gostei dos meus dentões.

Só pude ter uma noção do que vamos precisar mexer na minha boca com o scanner. Norberto até teve que me acalmar, porque já estava considerando arrancar tudo e colocar uma dentadura. Mas ele é ótimo e explica tudo direitinho o que pode ou não ser feito, passo a passo. “O scanner tem uma vantagem extra: as imagens ficam armazenadas e quando terminarmos o tratamento, poderemos comparar e ver a grande diferença do antes e depois. Porque o paciente não lembra de como estava no início quando finalizamos o tratamento”, diz.

Segundo ele, meu diagnóstico, no entanto, ainda não está fechado. Agora ele vai comparar as imagens do scanner com a radiografia panorâmica que fiz no início. Só assim vamos poder falar de tempo e etapas de tratamento. “Também vamos discutir aquilo que você quer, aquilo que é possível fazer, as limitações biológicas, orientações sobre o quanto vai melhorar em relação à estética. Mas primeiramente eu tenho que devolver a função, o que passa, obrigatoriamente, por um bom diagnóstico”, afirma.

Semana que vem eu conto como foi a cirurgia. Parece que tem uma técnica nova ali, também, que nunca vi também.

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