Nova coluna do professor Clodomiro Bannwart vai falar sobre política de uma forma diferente
O advogado e professor de Ética e Filosofia Política na Universidade Estadual de Londrina (UEL), Clodomiro José Bannwart Júnior, é um dos grandes especialistas em Política que Londrina já viu nascer. Ele sempre aparece nas reportagens do O LONDRINENSE quando precisamos de uma opinião abalizada sobre as implicações de determinados atos de políticos londrinenses. O que não sabíamos era que o professor também pode falar de política de uma forma descontraída, até usando o humor e a ironia para pontuar assuntos espinhosos. A partir de agora, Clodomiro Bannwart estará, às terças-feiras, nas páginas do jornal com seu “Querido Diário”, no qual comenta assuntos de atualidade que podem interessar a todos. Confira a primeira coluna, que traz um breve histórico de todo seu conhecimento.
Querido diário!
Por Clodomiro Bannwart
Em 2022 eu completarei vinte anos de magistério universitário. Nos últimos anos, tenho participado ativamente de avaliação de bancas de doutorado, mestrado e pós-graduação (lato sensu).
É interessante notar que os trabalhos – tese, dissertação e monografia –, quando são submetidos à banca avaliadora, geralmente composta por três professores e, no caso do doutorado, cinco professores, geram nos alunos – os autores dos trabalhos – um grau elevado de nervosismo, de ansiedade, de medo, e sem contar o receio de, por ventura, não serem capazes de justificar ou fundamentar algo questionado pela banca avaliadora.
No caso das teses de doutorado, os alunos gastam em média quatro anos de pesquisa teórica ou empírica, incluindo revisão bibliográfica, confirmação de hipóteses, revisão ortográfica, além de materializar em centenas de páginas uma estrutura argumentativa lógico-racional. E mesmo assim, no dia da defesa, os alunos encontram-se inseguros. A banca faz o seu papel. Contraditar o trabalho para ver se a tese se mantém de pé.
Aquele que estuda, que lê, que constrói argumentos com base em dados empíricos ou teóricos nunca se sente completamente satisfeito. Sabe que o trabalho por ele realizado deixou de lado outros pontos importantes e que merecem atenção em um momento oportuno.
Em que pese o aluno ver a sua tese ou dissertação aprovada e publicada em livro, de saber que o conhecimento ali registrado contribuirá com a sociedade e com a sua área de conhecimento, ainda assim ele terá uma postura de humildade ao reconhecer que os seus anos de estudos abarcaram apenas uma franja do conhecimento.
Hoje, infelizmente, pessoas que não leem – e gastam horas navegando em redes sociais consumindo bobagens que incluem Youtubers de assuntos aleatórios, teorias conspiratórias, memes sem lastro temporal ou factual e fakenews – sentem-se tão cheios da verdade que sequer conseguem se envergonhar da própria ignorância. Falam em tom elevado sem dar ao ouvinte o direito de contra-argumentar. Exigir razões soa como ofensa, uma agressão à personalidade ignara que fala muito e diz pouco.
Clodomiro José Bannwart Júnior

Professor de Ética e Filosofia Política na Universidade Estadual de Londrina. Coordenador do Curso de Especialização em Filosofia Política e Jurídica da UEL. Membro da Academia de Letras de Londrina.
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