Objetivo é unir produtores rurais de diversas culturas e operadores turísticos para atingir os mercados nacional e internacional, promovendo o crescimento de renda com produtos típicos do Litoral do Estado e também o turismo de forma sustentável.
Agência Estadual de Notícias
A equipe técnica da Invest Paraná deu início nesta segunda-feira (08) a uma simulação de como será a 1ª Oficina de Integração VRS Mata Atlântica, ação que faz parte do programa Vocações Regionais Sustentáveis (VRS). O evento, que acontece nos dias 25 e 26 de novembro, vai debater com produtores rurais e operadores turísticos do Litoral o potencial de mercado da produção local e crescimento turístico. O objetivo é dar destaque aos produtos e fomentar discussões entre os atores. A abertura oficial da oficina será no teatro Municipal de Antonina, às 19 horas.
Após a oficina, acontecerá a 1ª Feira Conceitual, com a apresentação dos produtos a toda a comunidade e turistas, nos dias 26 e 27 de novembro, a partir das 18 horas.
Participam do projeto produtores rurais e operadores turísticos de Guaraqueçaba, Antonina e Morretes. Durante a última semana, profissionais da Invest Paraná estiveram nos três municípios para conversar com os envolvidos e mostrar a importância de apresentar seus produtos e serviços de forma integrada.
O desenvolvimento do VRS Mata Atlântica tem o apoio do Fonplata, banco multilateral de desenvolvimento dos países da Bacia do Prata – Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai –, cuja principal missão é apoiar a integração dos países-membros para consolidar um desenvolvimento harmônico e inclusivo, mediante operações de crédito e recursos não reembolsáveis do setor público.
Os produtos, que são turismo de natureza e de base comunitária (foco na vivência intercultural e valorização da história e da cultura dessas populações), além de banana, pupunha, mandioca, juçara e frutos típicos da Mata Atlântica, foram selecionados a partir de uma metodologia alemã de mercado, baseada em cases de sucesso em países emergentes de todo o mundo.
O estudo indicou o potencial de exploração a nível nacional e internacional. A ideia do projeto é unificar toda a produção e serviços turísticos desses três municípios dentro da marca VRS Mata Atlântica.
“São produtos já desenvolvidos pelos produtores rurais da região do Litoral, mas que podem ter ainda mais força quando reunidos em uma única marca. Nossa intenção é que a venda desses produtos tenha valorização de preço e melhores resultados aos pequenos produtores e empreendedores”, explicou diretor-presidente da Invest Paraná, Eduardo Bekin.
“Para ser levada ao mercado externo, é fundamental que a produção e os serviços sejam qualificados de acordo com as melhores práticas internacionais já desenvolvidas em produtos similares, o que só será possível com a união de todos esses produtores e operadores. Vamos colocar os produtos e o turismo da região em redes internacionais de colaboração”, informou o diretor de Relações Internacionais da Invest, Giancarlo Rocco.
O secretário estadual do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, Márcio Nunes, destaca que o programa vai desenvolver e ampliar cadeias de valor sustentáveis no Paraná, valorizando os produtos locais, atrativos turísticos e essa população. “A intenção é aliar o desenvolvimento econômico com o cuidado com o meio ambiente, promovendo o Estado com a marca: Feito no Paraná Sustentável”, disse.
Os dois encontros contam com a participação dos moradores das três cidades envolvidas. “A organização do evento conta com o envolvimento de diversas instituições, inclusive internacionais, e órgãos do Estado”, explicou o gerente de Desenvolvimento Econômico da Invest Paraná, Bruno Banzato.
PRODUTOS – O levantamento do VRS Mata Atlântica compilou informações em entrevistas locais e resultou no Relatório de Descobertas, que incluiu também dados secundários do IBGE para fins de complementação. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2019), a pupunha representa entre 40% e 70% do valor da produção agrícola dos municípios e é fonte de renda essencial para os moradores de Guaraqueçaba.
Ela foi selecionada por apresentar o maior impacto em quantidade de trabalhadores e valor agregado. “A expectativa é conseguir mostrar esse produto no mercado, valorizar o produtor regional e elencar um número maior de visibilidade da pupunha. A maioria dessa produção vem de famílias tradicionais, que vivem da agricultura familiar, ou seja, essa produção faz parte da base financeira familiar e também carrega a nossa cultura”, destacou a prefeita de Guaraqueçaba, Lilian Ramos.
Produtor rural da comunidade Batuva, em Guaraqueçaba, Mario Soares Dias colhe atualmente cerca de 4 mil cabeças de pupunha a cada três meses. “Nossa expectativa é que as coisas melhorem, que o produto chegue aos consumidores. Com essa proposta que estamos escutando, esperamos que isso melhore nosso preço e que a gente volte a trabalhar com mais ânimo”, disse.
Já a banana, junto com a pupunha, é o cultivo com a base mais sólida para trabalho conjunto, sendo um produto de grande representatividade econômica nos três municípios. Da mistura da fruta com a juçara, sai a famosa geleia de açaí juçara com banana, ou até mesmo a polpa da fruta para suco. Além disso, a região apresenta grande potencial de orgânicos e agrofloresta.
Esses produtos já são comercializados na Associação dos Pequenos Produtores Rurais de Antonina (Aspran). Morador do bairro Cachoeira, em Antonina, Agenor Viel produz banana, assaí juçara, maracujá, entre outros frutos, e destaca o sabor que o açaí juçara, assim conhecido na região, desperta em quem prova da sua geleia ou suco.
“É uma planta que tem em todas as partes do Litoral e se adapta muito bem em Antonina, é muito produtivo. Eu nasci na agricultura e vivo da extração da polpa das frutas. Vamos trabalhar em cima do produto e divulgar ele, porque é o nosso meio de crescer e agregar valores. Eu vejo uma chance muito grande da gente se tornar conhecido aqui e fora daqui com nosso produto”, afirmou.
A juçara é uma planta típica da Mata Atlântica e foi separada em uma cadeia específica. Por ser uma espécie ameaçada de extinção, o seu cultivo exige tratamento cuidadoso. Ela produz palmito de alto valor agregado e também abre a possibilidade do uso das suas fibras, ripas e folhas.
Além disso, no contexto da preservação da Mata Atlântica, o fruto da juçara é o que apresenta o maior potencial, pois sua extração não compromete a planta. Possui alto valor agregado e destrava grande potencial de manejo. As frutas sazonais, como o maracujá, são grandes representantes econômicos em Morretes e Antonina. É também a cadeia ideal para a inclusão da grande diversidade de frutos sazonais, que individualmente não possuem cadeia estruturada.
A produtora rural Rosana Robassa utiliza tudo o que floresce no seu jardim para promover o turismo rural, com farto café colonial em sua propriedade no município de Morretes. São os frutos sazonais, como amora, a grumixama, a laranja e o abacaxi, entre outros, que enriquecem a mesa e conquistam os visitantes.
“Eu já venho de uma família agricultora e desde pequena estava na roça ajudando. Na minha chácara tenho mais de 40 espécies de frutas e praticamente tenho produtos para fazer geleia e polpas o ano todo”, explicou.
Outros produtos selecionados pelo VRS Mata Atlântica são a mandioca e o turismo. A farinha de mandioca é um produto artesanal de alta qualidade e muito ligado à cultura e história dos três municípios. O levantamento do programa apontou que a sua produção reduziu bastante e é ameaçada pela falta de mercado que pague o valor maior.
Por conta disso, muitos produtores optaram por vender a mandioca in natura. Já a promoção do turismo se dará automaticamente com a divulgação da produção local, atraindo visitantes para a região, que faz parte do litoral paranaense.
ESTAÇÕES DE ESTRADA –Para todos os demais produtos da região, como a famosa cachaça caiçara, o michi-no-eki é a solução. Trata-se de Estações de Estrada, baseadas em um modelo que já existe na província de Hyogo, no Japão. A proposta é construir esses espaços nas rodovias das 15 Regiões Turísticas do Estado. Eles atuarão como um mercado e uma vitrine para a venda dos produtos, mostrando o potencial do Paraná no desenvolvimento agronômico sustentável.
Foto: Geraldo Bubniak