Por Telma Elorza
O LONDRINENSE
A falta de critérios dos partidos políticos na escolha de candidatos a vereador é um problema que revela não apenas o descaso com a democracia, mas também uma visão distorcida sobre o papel do vereador na sociedade. Muitos partidos lançam candidatos sem um planejamento claro, priorizando o número de concorrentes (para atender apenas o quociente eleitoral) em vez da qualidade de suas propostas e capacidades. Esse fenômeno não apenas enfraquece o debate político local, como também reduz as chances de uma representatividade efetiva na nas câmaras municipais, de modo geral. Em Londrina, dos 336 registrados para concorrer ao cargo de vereador, 142 (42,26% do total) fizeram menos de 200 votos, cada.
Segundo o site do Tribunal Superior Eleitoral, esses foram os campeões de poucos votos:
- 8 com menos de 20 votos (o recordista teve apenas 7 votos)
- 6 com menos de 30 votos
- 13 com menos de 50 votos
- 49 com menos de 100 votos
- 66 com menos de 200 votos
Esse resultado é um dos principais sintomas dessa falta de critério, com a distribuição desigual dos recursos de campanha, principalmente os oriundos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) e do Fundo Partidário. Na prática, a maioria dos candidatos a vereador sequer recebe um pequeno valor desses fundos – nem o percentual OBRIGATÓRIO para mulheres é respeitado – , sendo obrigados a financiar suas campanhas de maneira improvisada e com poucos recursos, o que acaba limitando suas chances de competir em pé de igualdade. Isso reflete na votação final, como pudemos observar nos números acima.
Enquanto candidatos mais influentes ou com maior capital político são beneficiados com verbas consideráveis, aqueles que entram no jogo político sem apoio de cúpulas partidárias são frequentemente relegados à própria sorte. Isso não só perpetua um sistema de desigualdade dentro dos partidos, como também cria um ciclo vicioso, onde as mesmas figuras de sempre dominam o cenário, enquanto novas vozes com potencial transformador são sufocadas.

Escolha e apoio aos candidatos
É urgente que os partidos reformulem seus critérios de escolha e apoio aos candidatos, incentivando uma seleção mais justa e estratégica. O fortalecimento da democracia começa pelo fortalecimento das bases e, para isso, é fundamental que haja uma distribuição equilibrada dos recursos de campanha, de modo a permitir que todos tenham uma chance real de se apresentar ao eleitorado. Caso contrário, continuaremos a ver campanhas limitadas, representatividade distorcida e uma política local enfraquecida.
O ideal seria que os partidos adotassem mecanismos transparentes e democráticos na escolha de seus candidatos, com critérios que priorizassem competência, compromisso social e afinidade com os valores defendidos pela legenda. O mesmo deveria valer para a distribuição dos fundos de campanha, com uma divisão justa e proporcional que permita a todos os candidatos condições mínimas para uma disputa equilibrada.
A falta de critérios claros e justos não apenas frustra candidatos, mas afasta a população da política, minando a confiança no sistema e perpetuando o ciclo de poder nas mãos de poucos. O futuro da democracia depende de uma reavaliação séria desses processos e de um comprometimento real com a renovação política.
Foto principal – Fernando Cremonez/Divulgação CML