Líderes femininas têm as características necessárias para desafios contemporâneos de gestão
O LONDRINE̅NSE com assessoria
A presença feminina em cargos de liderança tem se expandido significativamente nas últimas décadas, refletindo mudanças culturais e organizacionais que promovem a diversidade e a inclusão. Entretanto, ainda são poucas, comparadas ao número de homens em cargos de liderança. Em 2023, no Brasil, as mulheres ocupavam 38% dos cargos de liderança, mantendo a proporção do ano anterior, segundo uma pesquisa da FIA Business School, que analisou respostas de mais de 150 mil funcionários de 150 grandes empresas do país premiadas com o selo Lugares Incríveis para Trabalhar 2023. No entanto, a mesma pesquisa mostrou que a participação feminina na alta liderança, como diretoria e C-Level, caiu cinco pontos percentuais em relação a 2022, chegando a 28%.
O educador corporativo, palestrante e consultor de empresas Flávio Moura – autor do livro “O que faço agora que virei líder?” – afirma que a liderança, de maneira geral, impõe desafios significativos, como a gestão de equipes diversas, tomada de decisões complexas sob pressão, gestão de crises e adaptação às mudanças organizacionais. Um líder eficaz, segundo ele, precisa equilibrar habilidades técnicas com competências emocionais, exercendo influência de maneira positiva e sustentável. “Minha experiência com projetos de desenvolvimento humano em empresas nacionais e multinacionais, permitiu que trabalhasse diretamente no aprimoramento de mulheres líderes, capacitando-as para se tornarem mentoras de outras profissionais. E elas se destacam por apresentarem características essenciais, como a capacidade de lidar com múltiplas tarefas, inteligência emocional apurada e habilidades interpessoais desenvolvidas”, afirma.
Contudo, ele lembra que o cenário ainda impõe barreiras adicionais às mulheres, como a necessidade de provar continuamente sua competência e enfrentar preconceitos culturais que subestimam sua capacidade de liderança. “Apesar disso, observa-se que, ao serem inseridas em contextos que valorizam seu potencial, elas frequentemente superam expectativas e se tornam referências positivas para suas equipes”, diz.
Segundo ele, o Brasil enfrenta um déficit significativo de líderes, especialmente aqueles preparados para lidar com os desafios contemporâneos de gestão. “De acordo com pesquisas recentes, existe uma demanda crescente por profissionais capazes de liderar com empatia, visão sistêmica e foco em resultados. Nesse contexto, as mulheres têm demonstrado menor resistência em assumir posições de liderança quando comparadas aos homens, sendo frequentemente mais abertas a desenvolver novas competências e buscar crescimento profissional”, explica.
Essa disposição reflete um perfil de liderança mais participativo e colaborativo, essencial em tempos de transformação digital e demandas por inovação. “As organizações que investem no desenvolvimento de lideranças femininas colhem benefícios significativos, incluindo maior engajamento das equipes e melhores resultados organizacionais”, aponta o consultor.
Porque investir em liderança feminina
A presença feminina na liderança traz benefícios tangíveis para as organizações, de acordo com o consultor. Segundo ele, estudos indicam que mulheres em posições de liderança tendem a ser mais bem avaliadas por suas equipes, com 50% dos colaboradores considerando a gestão de CEOs mulheres como excelente, em comparação a 43% para CEOs homens. Essa visão é corroborado por uma pesquisa da FIA Business School, realizada em 2024, que mostrou que 79% dos funcionários afirmaram confiar totalmente nos CEOs femininos, enquanto 72% disseram o mesmo sobre os líderes masculinos. A pesquisa também revelou que que elas se mostram mais acessíveis e mais conhecidas pela equipe do que o homens: para 79% dos subordinados, seus líderes homens são próximos, mas o número sobe para 84% quando a liderança é feminina. “Além de um bom ambiente de trabalho, empresas com maior diversidade de gênero, em cargos de liderança frequentemente apresentam um melhor desempenho financeiro e maior responsabilidade social”, diz Flávio Moura.
As mulheres também são excelentes em momentos de crise, aponta o consultor. “Uma pesquisa da Harvard Business Review, mostrou que mulheres em cargos de liderança mostraram mais eficiência durante a pandemia de Covid-19 – que afetou praticamente todas as empresas -, ao apresentarem mais resultados positivos e contribuírem de maneira mais expressiva para o engajamento dos trabalhadores”, diz.
Flávio Moura destaca que, embora todos esses dados comprovados sejam sensacionais para investimento em lideranças femininas, os desafios para isso, principalmente no Brasil, persistem. “As oportunidades e vantagens associadas à liderança feminina são evidentes. As mulheres têm se mostrado cada vez mais preparadas para enfrentar os desafios contemporâneos da gestão, contribuindo de forma decisiva para organizações mais diversas, inovadoras e sustentáveis. No entanto, ainda há uma visão muito estreita e antiguada onde os gestores continuam subestimando o potencial feminino”, aponta.
Quem é Flávio Moura
Flávio Moura é educador corporativo, palestrante e consultor em desenvolvimento humano e organizacional, com grande experiência em projetos de mentoria e desenvolvimento de lideranças, mestre em ensino e especialista em estratégia empresarial e empreendedorismo, bem como engenharia da produção e logística. Atuou, durante vários anos, como executivo em empresas de expressão nacional de diversos segmentos, tendo conduzido a implantação de projetos de melhoria e gerenciamento de operações. Autor do livro O que faço agora que virei líder? (Editora Qualitymark).
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