Por Ana Paula Barcellos
Ei, você aí, que assim como eu está sempre suando nesse calor absurdo e pensa: “Ok, bora achar uma regata básica e fresca pro rolê casual”. Olha as vitrines ou abre o site da Renner/Zara/qualquer brechó-modinha que seja e… bum! Uma avalanche de cropped que mal tapa o sutiã e regatinhas curtinhas que juram ser “o hit do verão”. Tipo, obrigada, moda, mas eu não pedi pra virar trend de TikTok involuntária.
Estamos em 2025, gente, e o guarda-roupa virou um campo minado de extremos: ou você sai de baby doll micro (que, com sorte, cobre o piercing do umbigo que você nem tem) ou de camiseta oversized que faz parecer que você tá usando um lençol. Cadê o meio-termo? Cadê aquela regata inteirinha, que vai até a cintura sem esforço, ou a camisetinha baby look clássica – sabe daquelas que você compra um número maior pra ficar perfeita, mais soltinha mas não engolindo o corpo todo?
O Steal the Look acabou de soltar uma matéria inteira sobre como as fashionistas estão arrasando com a regata curtinha em 2025. Elas mostram looks fofos com saia jeans curta, sobreposições “em dobro” pra dar um ar descolado e até dicas pra equilibrar com saia midi se você “não quiser mostrar tanto”. Legal, né? Mas e se eu te disser que nem todo mundo tá nessa vibe de “mostrar o shape pro mundo”?


Eu, sinceramente, não acordo querendo ostentar a barriga – que, aliás, tá em paz com o espelho do banheiro, mas prefere ficar na dela. E o pior: nem todo corpo colabora com essa obsessão por calça de cintura alta. Meu povo, eu uso cintura média porque é o que me deixa confortável, sem me apertar como uma linguiça. Meu corpo é do tipo que mesmo uma cintura alta não desvaloriza. Aí vem o cropped ou a regata micro e… desastre anunciado. Fica uma faixinha de pele aleatória aparecendo, o look vira bagunça, e eu fico me sentindo num episódio ruim de “Que Corpo é Esse?”.
Cadê as regatas alinhadas ou alongadas?

Sou uma tia millennial, mas não era esse revival bruto Y2K que eu queria (tá, eu amo cintura baixa, mas é pelo caimento, não uso com blusa curta). Cadê as alcinhas e regatas alinhadas ou alongadas? Cadê o revival das camisetas justinhas e as regatas lisas que combinavam com shortinho de ginástica sem julgamento? A gente quer casualidade sem drama: uma peça fresca pro calor do cão (sem ser camisa de linho ou regata em viscose), que vista o corpo real – com curvas, com pneuzinhos, com a vida que a gente leva. Não é preguiça de tendência, é fadiga de scroll infinito no Instagram achando só isso como opção.


Enquanto o alívio e o bom senso fashion não chegam, resta pegar camiseta oversized e costurar uma barra falsa pra encurtar nem que seja um pouquinho (DIY millennial style). Ou garimpar em brechó raiz atrás de achados vintage – as regatas dos anos 90/2000 são ouro puro, comprimento perfeito. Algumas marcas, como a Animale, ainda soltam camisetas mais assentadas em coleções “basics eternos”, mas custam uma grana sentida. No Elo7 tem artesãs fazendo baby looks customizadas. É se virar com o que tem pra hoje. E, no fim, consciência de estilo é isso: dar um jeito de usar o que te faz sentir em paz.
Ana Paula Barcellos

Viciada em botas, sacoleira e brecholenta, trabalha com criação de joias artesanais e pesquisa de tendências. Tem foto da Suzy Menkes na estante e escreve essa coluna usando pijama velho, deitada no sofá enquanto toma café com chocolate. Me siga no Instagram @experienciasdecabide e @yopaulab
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