Quem tem perfil no Facebook já deve ter visto um anúncio que diz que suas roupas usadas podem ser o começo de um novo negócio… isso nunca foi tão verdade! As pessoas estão cada vez mais buscando alternativas para a forma como vivem, como consomem e para criar novas formas de fazer dinheiro também dispondo daquilo que já possuem mas não usam mais.

Brechós e serviços de curadoria de roupas vintage estão cada vez mais em alta! E essa é uma possibilidade de negócio que não se esgota e que ainda nem chegou ao seu ápice ou foi explorada tanto quanto pode ser!

E as roupas usadas ou antigas apresentam duas possibilidades diferentes e que podem se complementar: a de fazer circular as peças que estão em bom estado e a de transformar essas mesmas peças em novas peças completamente diferentes (através da reciclagem e upcycling, sobre os quais já falei aqui).

Nesse contexto de pandemia que trouxe ainda mais dificuldades financeiras, poder começar um micro negócio sem investir quase nada pode ser uma boa sacada. Você abre seu guarda-roupas, separa as peças que não quer mais e que estão em ótimo estado, sapatos ainda na caixa, acessórios que perderam a graça; tira fotos legais, começa uma lojinha on-line em uma rede social… e vende!

Tanto no Instagram quanto no Facebook, aumentaram muito os perfis de brechós on-line e pessoas oferecendo curadoria de peças vintage. Também aumentou muito as possibilidades em termos de lojinha virtual – como Shoppee e afins – nas quais é possível se cadastrar de forma gratuita e começar um negócio que pode alcançar muito mais gente.

Pra quem tem outras habilidades além de saber tirar boas fotos e apresentar as peças de forma atraente na internet, existem ainda mais possibilidades! Tecidos bacanas de peças de roupas em desuso podem ser aproveitados para a criação de novas peças de vestuário e acessórios. Há quem trabalhe, inclusive, só com retalhos! Conheci uma moça que comprava apenas retalhos e sobras de tecido em promoção, o resto da matéria prima utilizada por ela era conseguida em chão de fábrica – tem fábrica que faz doação ou deixa disponível para quem quiser levar o que não vai ser utilizado. Com esse tecido, ela fazia patches (os retalhos cortados em quadrados e outros formatos) que unidos viram bolsas, echarpes, saias e uma infinidade de outras coisas. Ela disse que não criava uma marca porque acabava vendendo tudo paras as próprias amigas ou para gente que a procurava e nunca sobrava muita coisa.
Lendo esse último parágrafo você deve estar pensando em bolsa de patchwork, artesanal senso comum. Mas não! Eram peças extremamente estilosas, criações sensacionais e exclusivas, porque ela só fazia uma de cada!

Esse é, definitivamente, o presente da Moda: artesanal, lixento (ou trashy, como definiu certa vez um colunista do NY Times, já que esses retalhos antes iam pro lixo) e vintage. É um movimento que já acontece também no circuito fashion há um tempo: Reaproveitar, reutilizar e encontrar beleza e novas possibilidades naquilo que seria descartado e economizar bastante! – além de encarar de vez a sustentabilidade como único caminho possível, não tem mais como voltar atrás nesse sentido. Detalhe: o conjunto da foto que abre nossa coluna (da marca Rentrayage) custa mais de R$ 1.000. É ou não é um bom negócio?
Ana Paula Barcellos

Escritora, mocinha do medalhão persa, marketeira e pesquisadora de tendências. Trabalha com as marcas Madame B., Maria Jujuba Rock e Pinacola.
Foto: @rentrayage