A gente tem acompanhado o surgimento de diversas propostas de mudança e, principalmente, de muitos pontos de interrogação nos últimos meses. Assim como muitas mudanças apresentadas já se mostram mais que tendência e devem ganhar um espaço permanente no mundo da Moda.
Tendo em vista que a Indústria da Moda se movimenta de forma mais rápida que outros setores, isso já era até esperado. E está sendo muito interessante ver todas as mudanças e transformações propostas. Aqui, literalmente, o futuro já começou.
Básico e óbvio, as máscaras estão em primeiro lugar se formos listar essas mudanças. O item, que integra o protocolo sanitário da pandemia e que ainda não era normalizado nos países do ocidente, ganhou um lugar cativo em diversas coleções e no guarda-roupa de geral. No guarda-roupa? Sim, a máscara é mais um item de vestimenta e tem cada vez mais a cara de quem usa.
Literalmente. Além de garantir a proteção, a máscara já tem sido usada como forma de expressão: estampas divertidas, foto da boca de quem usa, tecidos bordados… agora, as pessoas já se preocupam com isso ou gastam na escolha do acessório o mesmo tempo que levam para escolher uma camiseta.
Essa é, inclusive, a aposta da jornalista e consultora de moda Lilian Pacce. “A máscara é a nova camiseta”, ela diz em entrevista ao UOL.
“No começo, todo mundo falou que as marcas não podiam fazer. Por que não? Elas devem fazer, porque a máscara vai ser a nova camiseta. Escolher uma de coraçãozinho, roxa ou com uma mensagem é um statement de moda”, afirmou.
Exagero? Parece que não. Uma pesquisa do Lyst apontou que entre os 10 produtos femininos mais desejados, está… uma máscara! E não é qualquer máscara, é a máscara que a Marine Serre (já falamos dela e das máscaras dela aqui) fez em parceria com a R-PUR.
O que ela tem de tão especial? Cinco camadas – incluindo uma anatômica e outra com tecido anti-umidade – e filtram gás, pólen, bactérias e partículas tóxicas relacionadas à poluição do ar. Ela possui ainda uma válvula de extração de ar quente, permitindo a respiração normal – inclusive durante a prática de exercícios físicos. Um sonho?
Uma mudança mais drástica do que parece, e que fala não apenas de uma mudança de hábitos, mas de uma mudança cultural.
E por falar em mudança drástica e cultural, já imaginou um desfile sem modelos? Anifa Mvuemba já mostrou como isso pode ser! Ao lançar sua nova coleção no fim de maio, a designer usou renderizações 3D no lugar de modelos.
Intitulada Pink Label Congo, a coleção da Hanifa apresentou peças que fazem referências ao Congo e ao sofrimento e libertação de seu povo, como explicou Mvuemba à Vogue britânica: “O vermelho representa o sangue, o sofrimento e a opressão pelos quais o povo congolês passou; o azul é a paz e o amarelo representa a esperança e o futuro do Congo”.
Falou-se muito, também, na época, que a ausência de modelos também é uma metáfora para o apagamento e invisibilização sofridos por pessoas de pele escura.
Tanto quanto apresentar uma moda engajada e consciente, essas escolhas mostram como a tecnologia e a criatividade estarão cada vez mais presentes e como já são indispensáveis para quem quiser resistir. Aqui, nesse contexto, para essa Indústria, reinvenção é a palavra-chave. Vão sobreviver e se manter em evidência as marcas que se permitirem inovar e recomeçar.
Ana Paula Barcellos
Escritora, mocinha do medalhão persa, marketeira e pesquisadora de tendências. Trabalha com as marcas Madame B., Maria Jujuba Rock e Pinacola.
Foto: Divulgação/Marine Serre