Não há como olhar as fotos da Fernada Nabhan Couture no Instagram da marca e não se impressionar as peças são lindas e vistosas, enchem os olhos. Os modelos em destaque evidenciam o olho certeiro e as mãos habilidosas de sua criadora e curadora.

Com 35 anos, Fernanda Nabhan Farah é formada em design e sempre criou as próprias roupas. Vendo o interesse de outras mulheres pelo que vestia, começou a confeccionar as peças em casa e a vender para as amigas. A procura foi crescendo e Fernanda, junto com a irmã Renata, passou a participar de eventos.
Mas foi a partir de um acontecimento negativo que surgiu a oportunidade de crescer e começar o próprio negócio: seus pais tiveram a casa assaltada e, junto com outros pertences, os ladrões levaram a mala de mercadorias da dupla. Perceberam que o melhor, diante do ocorrido, seria abrir um showroom.

Isso foi em 2009. Decidiram começar com uma porta, na Rua Santos, em um tradicional ponto de boutiques da cidade. Fernanda cuidava da produção: modelava, cortava as roupas e levava para uma costureira, enquanto a irmã cuidava das vendas. Juntas, ofereciam as peças para as clientes.
No primeiro mês de loja, venderam tudo. Então passaram a oferecer também peças de outras confecções com as coleções autorais. Dois anos depois, anexaram a porta ao lado ao negócio, e depois mais um espaço – que também fica ao lado; mais dois anos e incluíram uma quarta loja ao espaço inicial. Onze anos depois, lançaram o e-commerce da marca. Estão agora, nesse momento, abrindo uma quinta porta, mas em outro espaço.
Antenada, Fernanda viaja para o exterior a cada virada de coleção, trabalhando com seis meses de dianteira, para ficar a par de todas as tendências internacionais.

Renata também tem sua parte no processo criativo da grife: juntas, decidem as novas coleções e fazem a curadoria das peças chaves que estarão presentes nas araras. Todos os meses, elas apresentam cápsulas, para além do sazonal, na loja: a cada quinze dias, pequenas famílias surgem nos cabides para atender o desejo constante de novidades por parte das clientes.
Nessas colabs quinzenais estão mais presentes o estilo e cara da label: “São as peças que realmente gostamos e usamos! Isso caracteriza muito a marca. Nas curadorias buscamos tendências, na confecção própria produzimos a ‘nossa identidade’”.
Na quarentena, não deixou as peças favoritas de lado, e aproveitou para estudar as mudanças e transformações que virão com o momento e ainda manter o contato com as clientes em tom otimista: “Não consegui ficar de pijama. Apesar de ser um momento muito triste, tentei passar isso para minhas clientes também”.

O isolamento representou um desafio para a designer. Além de focar na família, passou boa parte do tempo lendo e estudando sobre moda, novos conceitos e mudanças necessárias nesse momento. Inicialmente abalada, depois de 15 dias em casa encontrou forças para reagir e voltar com tudo: “colocou a cara na frente das câmeras” e decidiu vender.
O ânimo renovado traz novas perspectivas e faz valer os planos da dupla para a marca: elas seguem com a abertura da segunda filial. Essa “filha” conta com mix de multimarcas nacionais e internacionais e segue a linha das lojas concept, uma grande tendência no mundo da moda: estabelecimentos conceituais que trazem novidades dialogando com a loja principal. “Estamos muito ansiosas para receber nossas clientes. Sempre houve muitos desafios, mas colocamos Deus como nosso escudo e proteção. E tudo vai passar”, pondera.
Com a reabertura do comércio, a loja volta a atender no espaço físico, além de vender as peças on-line e por delivery. A loja principal fica na Rua Santos, 815, no centro.
Ana Paula Barcellos

Formada em História pela UEL, trabalhou 10 anos como escritora para blogs e sites sobre cultura e lazer. Atualmente, trabalha com marketing digital e pesquisa de tendências e, junto com Angela Diana, é proprietária da Rosita, marca de acessórios.
Fotos: Instagram @fernandanabhan_couture