Vacinação contra covid para crianças traz alívio para pais

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Início depende das remessas das doses especiais da Pfizer para os Municípios

Telma Elorza

O LONDRINENSE

A autorização para vacinar contra covid-19 as crianças de 5 a 11 anos, dada pelo Ministério da Saúde, nesta quarta-feira (5), trouxe alívio para os pais. A maioria espera ansiosa a chegada das cerca de três milhões de doses da Pfizer – a única liberada para a faixa etária – ainda em janeiro. Se o ministério não tivesse dado autorização, alguns Estados e Municípios que pretendiam seguir, de forma autônoma, na vacinação, teriam que dar um jeito de adquirir com recursos próprios as doses especiais. Elas são diferentes das aplicadas nos adolescentes e adultos, na quantidade e na composição.

A empresária Patrícia Calsavara aguardava ansiosa a notícia. Seu filho Arthur, de 8 anos, é cardiopata congênito, o que o faz integrante do grupo de risco. “Eu trocaria todas as doses que já recebi pela vacinação do Arthur. E não só por causa dele, mas queria ver todas as crianças vacinadas”, diz. Adepta da vacinação, Patrícia fez o filho tomar todas as vacinas do Programa Nacional de Imunização e algumas especiais, de referência específica para cardiopatia. “A gente segue a risca, com o acompanhamento da pediatra e da cardiopediatra. Nunca deixamos passar uma”, afirma.

Na pandemia, a família Calsavara segue à risca os cuidados de isolamento e uso de álcool em gel e máscaras. Na casa de Fábio e Patrícia, só entram os familiares e os amigos íntimos que já estão com o esquema vacinal contra covid-19 completo e suas crianças, porque sabem que os pais seguiram as recomendações sanitárias. “Assim que a gente recebeu a notícia que ele poderia ser cadastrado, a gente já fez o cadastro. Coincidiu que foi no dia do aniversário dele, 17/12”, conta. O Arthur só voltou às aulas presenciais por recomendação médica. “Ele aguentou bem o isolamento, mas a falta de convívio com os coleguinhas começou a afetar seu psicológico, depois de algum tempo em aulas virtuais. A cardiopediatra então recomendou que voltasse às aulas presenciais, quando liberaram e a escola teve um cuidado especial com ele”, conta.

A família Calsavara aguarda o início da vacinação contra covid-19 para crianças – Foto: Acervo Pessoal

Fake News – As chances de uma criança ter quadros graves de covid-19 superam qualquer risco de evento adverso relacionado à vacina da Pfizer, avaliaram pesquisadores da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). A vacina já está em uso em crianças de 5 a 11 anos em 30 países, e cerca de 10 milhões de doses foram aplicadas somente nos Estados Unidos e Canadá. Uma das fake news contra a vacinação infantil mais divulgadas é ocorrência de miocardite, uma inflamação no coração, em todas as crianças vacinadas. Mas, segundo os especialistas, de 8 milhões de doses aplicadas, houve registro de apenas 11 casos e nos quais os pacientes evoluíram bem. A SBim destaca que a miocardite pós-vacinação é muito rara, e mais rara ainda em crianças, já que acomete com mais frequência adolescentes e jovens adultos e que houve apenas uma ocorrência raríssima de miocardite relacionada à vacina da Pfizer, 16 vezes menor que a incidência de miocardite causada pela própria covid-19.

Patrícia diz que compreende as mães que têm receio da vacina contra covid, afinal “cada mãe sabe as comorbidades dos filhos”, mas que o Arthur, mesmo cardiopata, será imunizado. “Casos de Síndrome de Down, por exemplo. Ainda não há estudos da vacina para portadores de Trissomia do 21 (T21), nessa faixa etária. Ou seja, há muita insegurança e falta de informações confiáveis para quem tem filhos com comorbidades. No entanto, no nosso caso, já avaliamos que os benefícios superam qualquer risco mínimo. Eu vou vacinar”, afirma.

Londrina deve aguardar as remessas de vacinas pelo MS, que encaminhará ao Estado e repassará os lotes de imunizantes à Regionais de Saúde. Por isso, não há prazos previstos para o início da imunização em massa.

Foto: Arquivo/N.COM

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