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UEL obtém segunda patente de cadeira de rodas, que usa Inteligência Artificial

Equipe aguardava a concessão dessa patente junto ao Inpi há cerca de oito anos

Agência UEL

Pesquisadores do Laboratório de Controle Avançado, Robótica e Engenharia Biomédica, do curso de Engenharia Elétrica, do Centro de Tecnologia e Urbanismo (CTU) da Universidade Estadual de Londrina (UEL), conseguiram uma segunda patente de um modelo de cadeira de rodas elétrica movida por meio de sopro, indicada para pessoas paraplégicas com diferentes níveis de lesão. O modelo começou a ser estudado há cerca de 20 anos e ganhou uma inovação em 2014, a partir da implementação de um algoritmo que, por meio Inteligência Artificial (IA), oferece parâmetros de controle em diversas velocidades. Com isso o equipamento se mantém estável, oferecendo mais segurança e conforto.

A equipe aguardava a concessão dessa patente junto ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi) há cerca de oito anos. O modelo pode ser acionado por sucção, por ar expirado ou inspirado, praticamente sem esforço motor. A partir dessa concessão, o protótipo será divulgado pelo Escritório de Propriedade Industrial da Agência de Inovação Tecnológica (Aintec) da UEL. A intenção é encontrar parceiros industriais que tenham interessem em produzir o modelo em escala.

Essa é a segunda patente obtida pela equipe neste ano. Em fevereiro, os pesquisadores obtiveram o registro de uma cadeira elétrica que inovou na motorização e na tecnologia, permitindo maior autonomia e eficiência. Esse primeiro protótipo pode ser acionado por sopro/sucção variável ou pelo sistema joystick. O equipamento tem motor trifásico por indução e corrente alternada, diferente dos modelos tradicionais existentes no mercado, que trazem motorização por corrente contínua.

Segundo o professor Ruberlei Gaino, do Departamento de Engenharia Elétrica, a mais recente cadeira patenteada foi desenvolvida inicialmente por uma equipe que incluiu os professores Walter Germanovix e Sílvia de Souza Galvão Fernandes (ambos aposentados). Também integraram a equipe os professores Marcio Roberto Covacic e o próprio professor Gaino, além do então mestrando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da UEL Edno Gentilio Junior.

Coube ao estudante, orientado por Gaino, implementar o algoritmo no modelo que acabou resultando em uma cadeira elétrica que evita trancos e paradas bruscas porque as rodas trabalham em velocidades diferentes, como se fosse um controle de estabilidade. Com essa característica, a nova cadeira oferece maior segurança.

De acordo com o professor, a pesquisa foi desenvolvida com recursos da Fundação Araucária e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), responsáveis pelo custeio da bolsa do estudante e para a compra de equipamentos, respectivamente. A pesquisa também recebeu recursos do CNPq e da Fapesp. Ainda de acordo com o professor, o algoritmo que confere a característica de Inteligência Artificial à cadeira foi desenvolvido pelo professor Marcio Roberto Covacic ainda durante os estudos de pós-graduação. Ruberlei explica que o algoritmo em questão pode ser definido como uma receita, ou seja, a junção de procedimentos lógicos que solucionaram um problema, no caso conferiu estabilidade ao equipamento, controlando a velocidade.

Menção honrosa

No início de outubro, o primeiro projeto patenteado de cadeira de rodas elétrica dos pesquisadores do Laboratório de Controle Avançado, Robótica e Engenharia Biomédica ganhou menção honrosa no Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia. O projeto da UEL ganhou destaque na categoria Jovem Pesquisador, onde foram reconhecidas pesquisas relacionadas à Tecnologia Assistiva, ou seja, que considera processos de reabilitação da qualidade de vida de pessoas com deficiência.

Levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que 8,4% da população brasileira acima de 2 anos – 17,3 milhões de pessoas – têm algum tipo de deficiência. Quase metade dessa parcela (49,4%) é de idosos. Os dados são da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, feito pelo Ministério da Saúde. Para se ter uma dimensão do contingente que necessita de assistência, na faixa etária acima de 60 anos, uma a cada quatro pessoas apresenta algum tipo de deficiência.

Na avaliação do professor Ruberlei, a concessão de duas patentes e a recente menção honrosa demonstram que os recursos públicos foram bem aproveitados, uma vez que resultaram em projetos inovadores, que poderão a médio prazo trazer impactos sociais importantes. “É um investimento que mais tarde vai retornar à sociedade”, ressalta o professor, lembrando que as pesquisas beneficiam uma parcela da população que tem direito à inclusão e à uma vida independente, com qualidade.

Foto: Agência UEL

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