Atividade será ministrada pela professora da UEL Maria Cecília Guirado, especialista na obra do autor; a entrada para o encontro é gratuita
O LONDRINENSE com assessoria
Nesta quinta-feira (27), a Biblioteca Ramal Lupércio Luppi, na região norte de Londrina, realiza um debate sobre a vida e obra literária e jornalística do escritor colombiano Gabriel García Márquez (1927-2014). A atividade será às 11h, ministrada pela professora do Departamento de Comunicação da Universidade Estadual de Londrina (UEL) Dra. Maria Cecília Guirado, que é especialista na obra de Gabriel García Márquez. O debate integra a programação do Sistema de Bibliotecas Públicas do Município de Londrina em comemoração à Semana Nacional do Livro e da Biblioteca, com entrada gratuita e aberta ao público em geral.
Como no espaço da Biblioteca cabem cerca de 100 pessoas, grupos maiores e escolas que quiserem organizar uma visita podem fazer agendamento pelo telefone (43) 3329-0316. A unidade fica na avenida Saul Elkind, 790, Conjunto Maria Cecília, região Norte de Londrina.
Segundo a gestora cultural e bibliotecária responsável pela unidade, Ana Cristina Mischiati, a atividade desta quinta (27) faz parte também do Projeto Bibliotecas de Norte a Sul. “É um projeto no qual estamos articulando atividades integradas entre as Bibliotecas Municipais Lupércio Luppi, que é da região norte, e a unidade Eugênia Monfranati, que fica na zona Sul (Av. Guilherme de Almeida, 2260)”, explicou. O objetivo é estimular a comunidade a frequentar as bibliotecas dos bairros, bem como descentralizar o acesso à literatura e eventos culturais.
Desde o dia 10, e até 31 de outubro, as duas bibliotecas promovem simultaneamente uma exposição de livros de Gabriel García Márquez e de outros autores latino-americanos. “Alguns dos outros escritores são Julio Cortázar, Jorge Luis Borges, Pablo Neruda e Mario Vargas Llosa”, citou. Os livros continuam disponíveis para empréstimo, mesmo durante a exposição. A bibliotecária explicou ainda que o debate deverá ser feito também na Biblioteca da Região Sul, no próximo mês, com data a ser divulgada em breve.
Conforme Mischiati, o projeto está estabelecendo uma parceria com o Departamento de Comunicação da UEL. “A ideia é que a partir de 2023, possamos trazer para cá e para a Biblioteca Eugênia Monfranati mais atividades junto à Universidade, como por exemplo, debates sobre os livros pedidos no Vestibular da UEL. Isso é importante, pois muitos jovens não têm condições de ir sempre ao Centro para participar desses bate-papos, então trazê-los às bibliotecas de bairro amplia o acesso a essas discussões, aos livros e ao conhecimento sobre literatura, e também contribui para que eles possam acessar a Universidade”, revelou.
A gestora informou ainda que o acervo da Biblioteca Lupércio Luppi é o segundo maior dentre as bibliotecas municipais de Londrina. “Nosso acervo tem cerca de 30 mil itens, e por meio do projeto com a biblioteca da região Sul, pretendemos fazer um intercâmbio não só de atividades, mas também de livros”, indicou. A unidade fica aberta de segunda a sexta-feira, e atende ao público das 8h às 18h.
Gabriel García Márquez
Para a professora Dra. Maria Cecília Guirado, que tem pós-doutorado sobre a obra de Gabriel García Márquez e conduzirá o debate, a atividade é muito relevante. “Acho super importante que uma Biblioteca Pública Municipal mostre que nós não somos só brasileiros, nós vivemos na América Latina, que tem toda uma cultura e contexto sócio-histórico e econômico que também nos atinge, e por isso a importância de estudar os autores latino-americanos, ao menos de conhecê-los”, avaliou.
Na atividade desta quinta (27), a professora vai expor algumas peculiaridades da obra jornalística e literária do autor e da importância desse trabalho na América Latina. “Espero mostrar um pouco dos estudos e da minha percepção sobre a obra dele, mostrar algumas fotos que fiz no Caribe Colombiano, onde o Gabo (apelido de Gabriel García Márquez) viveu sua infância, adolescência e até o início de sua carreira, que foi em Cartagena das Índias e Barranquilla”, descreveu.
A professora tomou as fotos em visitas que fez por conta do pós-doutorado sobre o autor. “Fui a esses lugares em que ele viveu e trabalhou, principalmente Aracataca, que é a inspiração para Macondo (cidade fictícia da obra Cem anos de solidão). Fico muito feliz em compartilhar sobre esse escritor maravilhoso, uma pessoa tão determinada nas coisas que ele sonhou em fazer. Queria ser escritor e trabalhou a vida toda para ser um bom escritor e jornalista, e a frase máxima dele de que ‘jornalismo é o melhor ofício do mundo’, faz com que quem é apaixonado por jornalismo acabe se apaixonando também por ele”, destacou.
Guirado ressaltou a importância da participação da Universidade junto à comunidade. “Essa oportunidade de mostrar o García Márquez para esse público é maravilhosa. É muito bom ir a uma biblioteca pública e poder falar sobre essa pesquisa que foi desenvolvida, não só pelo meu trabalho, mas pelo de vários alunos que passaram pelo Grupo Gabo de Pesquisa”, mencionou.
Desde 2012, a professora desenvolve junto a alunos estudos que exploram várias perspectivas da obra jornalística e literária do escritor colombiano. “Como todo trabalho pelo qual a gente acaba se apaixonando, ao longo desses anos essas produções acadêmicas e jornalísticas dos alunos foram frutificando em palestras, eventos, oficinas de trabalhos sobre a obra do autor”, relatou.
O trabalho, que já completou uma década, resultou na criação da revista Jornalismo e Ficção na América Latina e Caribe, que pode ser acessada aqui (https://jornalismoeficcao.com/), e no Instagram do projeto (https://www.instagram.com/jornalismoeficcao/?igshid=YmMyMTA2M2Y%3D). “No Instagram, criamos o pequeno gênero literário e jornalístico ‘folhetinsta’, que é o folhetim no Instagram. É uma possibilidade de transmitir alguma ideia num texto curto, rápido mas bastante denso, informativo, literário, e é um desafio para nós”, apontou.
Atualmente, o projeto desenvolve uma série de postagens no Instagram sobre o livro “Cem anos de solidão”, em vista da proximidade dessa obra ser transformada numa série em plataforma de streaming. Até fevereiro, a equipe divulga um capítulo do livro a cada sábado. “Já para a revista, vamos convidando alunos, colaboradores, para escrever sobre outros assuntos, não especificamente a obra do Gabo, mas todo e qualquer trabalho de jornalismo literário que possa ter alguma semelhança, conexão com o trabalho do Gabo ou de algum jornalista literário da América Latina”, concluiu a professora.
Foto: Divulgação