Por Telma Elorza
“Fiquei viúva recentemente, depois de um casamento de 32 anos. Estou com 57 anos. Toda a família espera que eu esteja arrasada, mas o que sinto é uma vontade absurda de viver. Não que meu casamento fosse ruim, não era. Mas o falecido me podava em algumas coisas que eu gostava de fazer, como sair com amigas, dançar, ir a shows e teatros. Ele não gostava de sair, a não em grupos de amigos para jantar, um cineminha de vez em quando, e não permitia que eu fosse sem ele. Agora, só penso em fazer tudo isso. Mas tenho medo da reação dos meus filhos, todos casados. Será que tenho que reprimir essa vontade em respeito a eles? Não quero que tenham a impressão errada de mim e do meu casamento”.
Ai, amiga, já foi o tempo em que a viúva tinha que praticamente morrer junto com o marido. Você é jovem ainda, pode e merece viver sua vida, fazendo as coisas que gosta. Pode, inclusive e se quiser, até arrumar um namorado mais animado. Você não deve satisfação a ninguém.
Mas, para sua paz de espírito e para evitar confusões, eu aconselho que faça uma reunião de família com seus filhos e explique que vai começar a fazer tudo que sempre quis e nunca pode. Não critique seu falecido marido, mas lembre a todos o seu jeito caseiro e reservado de ser. E deixe claro que não vai aceitar críticas por isso. Afinal, quem morreu foi ele e não você. Que você tem o direito de se divertir e ser feliz fazendo o que gosta.
Muitas mulheres – a maioria, infelizmente – se anulam no casamento, deixando de fazer e conhecer coisas que as fazem felizes porque os maridos “não gostam”. E isso é algo que nunca entendi. Por quê teria você de deixar de ir ao teatro ou bater papo com amigas? Ele não era obrigado a ir junto. Por que você aceitou essa situação sem brigar e se impor?
Viúva, não morta
Enquanto nós, mulheres, nos submetermos a arbitrariedade masculina e machista, seremos sempre insatisfeitas, porque nossas vontades e desejos não são respeitados. Nós sempre “temos” que respeitar a vontade do companheiro, enquanto a nossa fica relegada a segundo plano.
Por isso, não fico nem um pouco surpresa com seu sentimento de que “agora, vai viver sua vida”. Mas acho que esperou muito, até ele morrer, para impor seus desejos. Portanto, não deixe agora seus filhos atrapalharem seus planos. Se imponha, mulher.
Lembre-se sempre: você é viúva, não morta. Viva, seja feliz, sem nenhum sentimento de culpa.
Espero ter ajudado.
Tem dúvidas sobre relacionamentos? Mande um e-mail para telma@olondrinense.com.br

Quem é a Tia Telma
Telma Elorza é jornalista, divorciada e adora dar pitaco na vida dos outros. Mas sempre com autorização.
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Arte: Mirella Fontana
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