Por Telma Elorza
“Vou contar minha história: fui apaixonada por um rapaz, na minha adolescência inteira. Aos 17 anos, começamos a namorar. Ele dizia que era apaixonado por mim também. Mas por ele ser bonito demais e todas as garotas da minha cidade davam em cima dele. Por causa disso, havia muita intriga e fofoca, o que levou à nossa separação depois de apenas três meses de namoro. Logo depois, mudei de cidade para estudar e ele foi para Portugal. Nunca mais eu o vi, mas nunca o esqueci. Agora, aos 49 anos, reencontrei ele pelas redes sociais (está de volta ao Brasil) e toda aquela paixão reacendeu. Só que ele está casado com filhos. Será que devo procurá-lo? Eu estou divorciada há anos e sonho com ele todas as noites. O que faço?”
Ai, amiga, quem não tem uma paixão mal resolvida do passado para sentir saudade que atire a primeira pedra. Eu tenho uma, que guardo com carinho na memória. Mas não vou atrás porque a decepção pode ser grande. O cara por quem era apaixonada aos 17 anos pode se revelar um escroto como tantos outros que conhecemos, nos dias de hoje. Para mim, acho melhor não saber e guardar a lembrança intacta com carinho. Mas isso é a minha opinião particular sobre esse assunto. Então, vamos analisar seu caso e ver as possibilidades.
Reencontrar um ex-namorado, principalmente aquele marcante da adolescência, pode parecer como abrir um baú de tesouros cheios de nostalgia, risos e momentos que marcaram uma época especial. Aos 49 anos, com muito mais história, você talvez sinta que revisitar o passado pode preencher lacunas ou até trazer de volta parte daquela juventude. Porém, antes de embarcar nessa, ainda mais se ele está casado e com filhos, é importante pensar sobre o que realmente deseja e quais as consequências disso.
Apaixonada por ele ou pelos dias da juventude?
Vale a pena você parar e, antes de tomar qualquer atitude, refletir sobre o motivo do reencontro. Muitas vezes, quando sentimos falta de alguém do passado, estamos, na verdade, buscando uma reconexão com quem éramos naquela fase. Afinal, o primeiro amor, a adolescência, a juventude, tudo isso guarda um charme e uma intensidade difícil de replicar. Essa época deixa boas e doces memórias para a maioria das pessoas. Pode ser que você sinta saudade da leveza daqueles tempos, da energia, dos sonhos e da esperança que existiam no ar. Então, será que essa sua vontade de encontrá-lo é mesmo sobre ele ou é mais sobre a época que ele representa? Pergunte a si mesma: o que você espera desse reencontro? Amizade? Um recomeço? Respostas para o que ficou mal resolvido?
Além disso, é preciso considerar que a vida mudou, tanto para você quanto para ele. A realidade agora inclui novas relações, experiências e responsabilidades. Ele está casado, tem filhos, e isso implica uma série de compromissos emocionais e práticos que, possivelmente, deve levar muito a sério. Entrar em contato com ele pode mexer em feridas e gerar dúvidas sobre a vida que ele construiu após vocês terem seguido caminhos diferentes. Portanto, é necessário pensar sobre os impactos do reencontro, não apenas para vocês dois, mas também para as pessoas que fazem parte da vida dele atualmente.
Eu acho que o principal é você buscar entender onde está na sua vida. Às vezes, a gente tenta reviver algo do passado porque não se sente completamente satisfeita com o presente. E é super natural que, em certos momentos, especialmente com as mudanças e temores que aparecem próximos aos 50 anos, você tenha essas reflexões sobre antigos amores e o que ficou para trás. Mas a felicidade e o amor próprio não dependem de um reencontro.
Caso o reencontro seja mesmo algo que você sente que precisa para seguir em frente, vale refletir sobre como abordar isso com maturidade e respeito. Um encontro casual, onde o foco seja realmente apenas uma conversa de amigos, pode acontecer. Mas tem que ser algo muito bem pensado, principalmente para não dar margem para segundas intenções que, mesmo de forma inconsciente, podem surgir. O ideal é que, ao se reencontrarem, vocês estejam emocionalmente estáveis o suficiente para lidar com o que essa conversa trará à tona, sem tentar resgatar sentimentos ou expectativas que ficaram no passado.
É bom lembrar que mexer com uma história antiga pode trazer sentimentos inesperados. A gente às vezes pensa que está apenas matando a curiosidade e, quando vê, está com aquela sensação de borboletas no estômago de novo. Então, antes de qualquer passo, é importante pensar no que esse contato realmente significa para você e se está pronta para lidar com as consequências, principalmente se a resposta dele não for o que você espera.
Por fim, caso decida seguir em frente e tentar o contato, faça isso sem grandes expectativas e com os pés no chão. Enviar uma mensagem neutra, talvez pelas redes sociais, algo simples como um “Oi, que legal encontrar você depois de tantos anos. Como você está?” pode ser uma boa forma de começar, sem cobranças. E se ele não responder ou der sinais de que prefere manter distância, respeite. Isso significa que ele também seguiu com a vida e não deseja reabrir essa porta.
Afinal, viver o presente e abraçar as novas oportunidades pode ser uma maneira de honrar tanto o que você foi quanto a pessoa que se tornou. Se você está buscando felicidade, lembre-se de que ela não está em um reencontro específico, mas no amor próprio e nas novas histórias que você ainda pode criar.
Espero ter ajudado.
Tem dúvidas sobre relacionamentos? Mande um e-mail para telma@olondrinense.com.br
Quem é a Tia Telma
Telma Elorza é jornalista, divorciada e adora dar pitaco na vida dos outros. Mas sempre com autorização.
Siga O LONDRINENSE no Instagram
Leia mais colunas do Consultório Sentimental da Tia Telma
(*) O conteúdo das colunas não reflete, necessariamente, a opinião do O LONDRINENSE.
