Por Telma Elorza
“Tenho 40 anos e trabalho desde os 12. Lutei muito para estudar, me formar e ser bem sucedida profissionalmente. Mas tenho a sensação que não sou digna de nada disso. Estou sempre esperando que alguém aponte o dedo para mim e me chame de fraude. Essa insegurança crônica me afasta dos homens e não consigo manter um relacionamento por mais que alguns meses. Já ouvi falar de síndrome do impostor e acho que tenho isso. Será que um psicólogo me ajudaria?”
A leitora, assim como a maioria das mulheres de modo geral, realmente parece sofrer com a Síndrome do Impostor, que faz que com a gente nunca acredite que realmente mereceu aquele elogio, aquela promoção no trabalho ou o sucesso alcançado em alguma área. Por mais preparadas que estejamos, que dominemos o assunto e realizemos as funções com perfeição, sempre fica um sentimento de que não merecemos aquilo, que podíamos fazer melhor.
Sim, eu me coloco no meio porque, muito de vez em quando, eu penso exatamente assim. Mesmo com 36 anos de jornalismo e uma enorme experiência nas costas, às vezes penso que não sou digna do elogio pela matéria, pela coluna ou por qualquer outro trabalho bem realizado. Já sofri mais com isso, agora eu me controlo com sucesso. Quando aparece, meu mantra é: “eu fiz bem feito, sim!”
O que leva uma pessoa a ter essa síndrome? Sabe-se lá. Pode ser um trauma de infância, pode ser uma convivência tóxica na família, pode ser simplesmente insegurança mesmo. Só sei que atinge uma boa parcela da população, pessoas inteligentes e bem sucedidas. E não é um transtorno mental, porque não afeta a capacidade cognitiva, é mais um sentimento mesmo (falo por mim). Síndrome do Impostor foi o termo cunhado pelas psicólogas Pauline Clance e Suzanne Imes, em 1978, quando descobriram que, apesar de terem evidências externas adequadas de realizações, as pessoas continuavam convencidas de que não mereciam o sucesso conquistado.
A síndrome, porém, não deveria interferir nas relações sociais e amorosas. Mesmo com o sentimento de “insuficiência profissional” é possível levar uma vida plena e satisfatória no campo amoroso. Se isso não está acontecendo, aconselho a leitora a procurar um psicólogo com urgência, porque podem estar aí, escondidinhos, outros problemas mais sérios. Porque você merece sim, ser feliz e gozar de todo seu sucesso, sem medos e inseguranças.
Tem dúvidas sobre relacionamentos? Me mande um email no telma@olondrinense.com.br
Quem é a Tia Telma
Telma Elorza é jornalista, divorciada e adora dar pitaco na vida dos outros. Mas sempre com autorização.
Arte: Mirella Fontana