Por Chantal Manoncourt
Conhecida pela sua programação original, a Fundação EDF oferece uma exposição inusitada dedicada à luz onde a arte e a dança se unem para criar uma experiência mágica e intemporal.
A luz
Ela sublima corpos em movimento, pontua a dramaturgia ou traz ao palco mundos fantásticos. Elemento essencial no teatro, a luz desempenha há muito tempo um papel especial nas apresentações de dança. A pioneira da modernidade Loïe Fuller utilizou a iluminação elétrica no final do século XIX, uma grande inovação técnica da época, para realçar a sua dança serpentina. Alwin Nikolais (1910-1993) utilizou fluxos coloridos para criar formas surpreendentes onde os corpos se metamorfoseavam. Já o contemporâneo Robert Wilson vê a luz como base para a construção de um espetáculo.

Nascimento da eletricidade
Nas paredes, dez pinturas de Raoul Dufy evocam La Fée Électrcité (A fada da eletricidade), este monumental afresco de 600m2 que ilumina a entrada do Museu de Arte Moderna de Paris. Este afresco traça a descoberta da eletricidade e presta homenagem a 109 figuras históricas, incluindo Pierre e Marie Curie, os deuses do Olimpo e a linhagem de Electra. Raoul Dufy compõe um hino à nova energia que é a eletricidade, baseado no modelo da conquista mitológica do fogo pelo Homem. Mais adiante, pinturas de Adalberto Mecarelli exploram a luz como “matéria invisível que torna o mundo visível”.

Viva a dança
Além deste percurso entre as obras, os visitantes podem admirar diversas apresentações de dança através de 16 espetáculos. Os bailarinos inventam um novo diálogo com as pinturas expostas e também se deixam guiar pela luz para expressar o seu universo artístico.

Criações, improvisações, sozinhas, em duplas ou em grupos, esta exposição convida um vasto público a descobrir o poder expressivo da dança, ampliado por artistas que se inspiram na luz. É um evento que mistura arte plástica e dança, numa viagem poética cheia de surpresas. Uma bailarina brinca com a sua sombra, outra faz mímica de um autómato, um casal brinca com bolhas de luz e salta nos seus reflexos e ainda outro que oscila entre a dança contemporânea, o jazz e o hip-hop em diálogo com os reflexos. Mágico!

Para descobrir como a luz inspira coreógrafos e dançarinos, trechos de vídeos são oferecidos durante o passeio. Por fim, conferências de dança, vídeos de shows, oficinas de prática de dança, demonstrações… todo um leque de propostas para que todos possam adotar uma cultura de dança.


Serviço: Danse la lumière : Fondation EDF, 6 rue Juliette Récamier 75007 Paris. Até 31 de janeiro 2025.
© Laurent Philippe, Duy-Laurent Tran, Marc Domage, Aurélien Mole, Bruno + Nico Van Mossevelde, Yoshi Omori, Frédéric Iovino, Agathe Poupeney, Jean Claude Carbonne, Justine Hamy.
Chantal Manoncourt

Parisiense, arqueóloga e jornalista, apaixonada pelo Brasil, já escreveu vários livros sobre turismo brasileiro.
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