O restaurante rural fica na Estrada da Bratislava, em Cambé, e vale muito à pena ser visitado, tanto pela comida quanto pelo ambiente e receptividade deliciosos
Telma Elorza
O LONDRINENSE
Domingão é dia de sair de casa, dar uma folga na cozinha, ir conhecer locais agradáveis. E foi o que fizemos neste último domingo, eu e minha sócia e amiga, Suzi Bonfim. Escolhemos ir conhecer o restaurante Venda Rural, ali na Bratislava, em Cambé. Nós ainda não conhecíamos o restaurante, que existe há seis anos, e a Suzi não conhecia nada da Bratislava (morou quase 30 anos longe de Londrina depois de se formar na UEL). Ou seja, um passeio ótimo para um dia ensolarado e preguiçoso.


O Venda Rural é comandado pelo casal Solange Zotarelli e Edgar Savarego, casados há 25 anos.
Edgar é o responsável pela cozinha, cujos pratos são feitos, em sua maioria, num fogão à lenha. Ele comanda o fogão com maestria e, principalmente, simpatia. Impossível ir se servir e não parar para bater um papo com ele, que está sempre rindo e brincando com as pessoas.


A impressão que se tem é que você não está num restaurante, mas é um convidado querido para o almoço no sítio da família, num ambiente rústico (toda parte de marcenaria foi feita pelo filho Edgar Júnior) e cheio de plantas, o que torna o local, por si só, muito acolhedor. Já estive em vários restaurantes rurais de Londrina e nenhum me impressionou tanto por essa sensação gostosa.
Paisagista de profissão, Edgar diz que aprendeu a cozinhar apenas quando casou com Solange, mas olha, parece que aprendeu com a avó dele. O tempero, sabe? O gosto da comida é típico daquela comida de sítio. O fogão à lenha faz toda a diferença, claro, porém sem o tempero perfeito, não ficaria tão gostosa.



De uma venda a um restaurante para atender 250 pessoas
Solange conta que o restaurante surgiu de uma vendinha de beira de estrada, que ela decidiu abrir para atender os vizinhos. Morando há 35 anos na região, ela sentia falta de um local onde pudesse buscar algum item que tivesse esquecido nas compras feitas na cidade. “A venda não estava indo muito, até que um dia, um casal recém chegado de São Paulo passou por aqui e perguntou se não servíamos almoço. O Edgar tinha acabado de fazer o almoço e convidamos eles. Eles adoraram e sugeriram que começássemos a servir almoço. Começamos com duas mesinhas, na área da venda. E fomos ampliando com o tempo, uma parte por vez. A gente ainda mora aqui, mas toda a área de lazer já foi transformada em restaurante”, conta. Hoje, o local comporta até 250 pessoas bem acomodadas. “A gente trabalha muito com confraternizações, festas e eventos”, explica.

Antes da pandemia, o restaurante abria para o jantar de quarta a sexta e almoço aos sábados e domingos. “Caiu muito nosso movimento com a pandemia e mais dois anos de construção do viaduto, ali na BR 369. Por isso, resolvemos continuar só servindo almoço aos domingos”, explica Edgar. Idependente do número de clientes, ele cozinha todos os domingo para 130 pessoas. “Se sobrar, nossos colaboradores levam pra casa. A gente é totalmente contra desperdício de comida”, diz.

O cardápio varia de acordo com a estação e a oferta de matéria prima. Mas é sempre muito farto. No domingo, foram servidos galo ao molho (o primeiro prato a ir para o fogão, às 6 da manhã, para deixar a carne bem macia), dobradinha, feijoada, vaca atolada, frango assado, lasanha (um dos poucos pratos que não é feito no fogão à lenha), galinhada, strogonoff de frango, tutu de feijão, porco no tacho, linguiça frita, polenta, abóbora cozida, polenta frita, batata frita, torresmo crocante, bolinho de arroz, ovo frito, arroz e feijão, tudo praticamente feito com a banha de porco. “Antes era considerado veneno. Agora, os médicos agora aconselham a comer a banha do porco”, brinca Edgar.




Além disso ainda tem um balcão de saladas (a salada de maionese é uma loucura, feita com batata doce) e frutas, além de um outro de sobremesas, com pudim, sagu, flan, um pavê de limão e um de chocolate. As sobremesas são todas feitas pela Solange. Tudo isso por R$53,90 por pessoa. Achei super em conta.
Difícil foi escolher o que comer e mais difícil foi comer pouco. Tentei provar um pouquinho de cada, mas me acabei na galinhada, na polenta (mole e frita), no tutu, no torresmo, no porco no tacho e ainda provei lasanha e a feijoada. Também peguei um dos ovos fritos, porque estava muito bonito. “Esse ovo só fica assim, perfeito, quando é feito no fogão à lenha. Eu tento reproduzir no fogão de casa e não fica igual”, diz Edgar.



Depois da comilança, só um cafezinho passado na hora, né? Pois Edgar faz todo um ritual para servir o café (feito com grãos exportação) e coado no coador de pano. “Eu só faço o café na hora que o primeiro cliente pede. Aí, coloco numa garrafa térmica. Mas a bebida só fica lá uma hora e pouquinho. Passou esse tempo, se não acabou, jogo fora e faço um novo”, diz.
A minha impressão é que, tanto a Solange quanto o Edgar, adoram esses domingos que podem ser muito trabalhosos. Mas com o carinho e os sorrisos que recebem à todos e os deixam à vontade no seu espaço, parece que aquilo é mais que um negócio, é uma recepção de amigos. Parece que não é só um restaurante para ganhar dinheiro, e sim um acolhimento, uma integração que une as pessoas, ao espaço e à comida. Vale muito a pena conhecer o casal e se deliciar com a comida.


Serviço: Restaurante Venda Rural – Estrada da Bratislava, Cambé. Reservas e informações pelo telefone 43 99810-9108, aberto aos domingos. R$53,90 por pessoa. Crianças até seis anos não pagam; de seis a 10 anos pagam meia; acima de 10, inteira.
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