Quais serão os impactos da pandemia na educação de nossas crianças, adolescentes e jovens? Alguns especialistas da área dizem que ainda é cedo para apontar os reflexos, sejam eles positivos ou negativos. O certo é que a relação de ensino e aprendizagem nunca mais será a mesma. Todos os agentes que integram o universo educacional foram afetados de alguma forma. Uns mais, outros menos. Uns de forma boa, outros nem tanto.
Mas, mesmo assim, algumas perguntas permanecem no ar: o ano letivo está perdido? As aulas virtuais foram suficientes para a aprendizagem? Os alunos foram prejudicados? Os professores foram afetados? De que forma é possível recuperar os conteúdos perdidos? Viu só como muitas são as dúvidas? Entretanto, a grande questão gira em torno do atraso educacional que terão, principalmente, as crianças em época de alfabetização e de interação com outras da mesma idade.
Isso porque, nessa fase da vida, o contato com outras crianças da mesma idade ou de idades diferentes estimula o desenvolvimento infantil. Com todos em casa, essa realidade não é possível. E não se pode mergulhar esse público totalmente na educação digital. Afinal, a realidade virtual veio para ficar, mas, é preciso ser usada com equilíbrio e com estratégias pedagógicas muito bem definidas.
O neurocientista francês Michel Desmurget, que dirige o setor de pesquisas do Instituto Nacional de Saúde da França, revelou que os dispositivos digitais estão afetado o desenvolvimento neural de crianças e jovens, tornando-os a primeira geração com QI menor que a anterior. Ou seja, se as ferramentas tecnológicas que temos à disposição não forem utilizadas corretamente, não terão efeito na educação desta geração. Daí a importância do papel do professor no processe educacional-tecnológico.
É o professor que, se estiver muito bem formado, preparado e atualizado, vai definir a melhor maneira de utilizar esses recursos, estrategicamente. Assim, potencializará o ensino e a aprendizagem, tornando-a eficaz. Fácil? Não. Mas, possível. E urgente!
Tiago Mariano

Formado em História pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), pós-graduado em Ensino e História. Com mais de 15 anos de experiência em sala de aula de diversos colégios públicos e particulares de Londrina e Cambé, é coordenador das startups londrinenses EducaMaker, Educação Criativa e Aagro, além de manter o canal no Youtube Prof. Tiago Ledesma Mariano. Em 2018, foi premiado pela Google for Education (2018) com o primeiro lugar nacional no Programa Boas Práticas pela criação de um método de formação de alunos de alta performance. Já foi diretor de tecnologia e inovação educacional da Secretaria Estadual da Educação (SEED) e coordenou a construção do novo catálogo nacional de cursos técnicos do Ministério da Educação (MEC).
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