Por Fábio Luporini
Outro dia assisti a série “Brincando com Fogo”, da Netflix, na versão brasileira. Aparentemente, um elenco escultural de homens e mulheres bonitos, lindos e gostosos. Entretanto, à medida que os episódios avançam, surgem reflexões profundas acerca de relacionamentos, de conexões e da própria vida. Personagens reais que “tiraram umas férias” para uma temporada de pegação se deparam com seus preconceitos, suas dores, suas carências e medos. É de fazer chorar.
Mas, o que isso tem a ver com filosofia? Reflexões profundas sobre a superficialidade da vida são com o filósofo Zygmunt Bauman, que teorizou acerca das relações líquidas e superficiais que desenvolvemos durante a nossa vida, de modo especial e particular na modernidade, no universo contemporâneo. Todo mundo sabe disso. As amizades e os amores ficaram mais descartáveis, tão ou mais que um copo plástico ou uma latinha de refrigerante. Por isso, a proposta da série em promover conexões mais profundas, menos sexuais e mais afetivas.
Cada vez mais temos nos aprofundado em relações vazias, o que faz, metaforicamente, a gente mergulhar num buraco sem fundo e quebrar a cara sempre. Grande parte dos consultórios psicológicos lotados se deve a esse fator. Sem contar os relacionamentos tóxicos com os quais a gente se depara ao longo da vida. No caso da série, foi surpreendente observar que personagens machistas, que carregam esse tipo de preconceito estruturalmente, sentem-se chateados ao se depararem com essa verdade. E se propõem a mudar.
Obviamente a série é entretenimento. Por isso, talvez, nem todos os relacionamentos amorosos e afetivos formados dentro do reality tenham perdurado fora dali. Entretanto, alguns se transformaram em namoros e grandes amizades. E, assim, cumprem, de fato, a proposta do programa. Por isso é que nós precisamos desenvolver esse tipo de relação em nossa vida. Que sejam poucas, mas, que sejam verdadeiras.
Fábio Luporini
Sou jornalista formado pela Universidade Norte do Paraná e sociólogo formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) . Fui repórter, editor e chefe de redação no extinto Jornal de Londrina (JL), atuei como produtor na RPC (afiliada da TV Globo), fundei o também extinto Portal Duo e trabalho como assessor de imprensa e professor de Filosofia, Sociologia, História, Redação e Geopolítica, em Londrina.
Foto: Nikhol Esteras/Netflix