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Já percebeu que pode você ser uma mercadoria?

Por Fábio Luporini

Você tem fetiche? A pergunta dúbia pode desembocar em dois tipos de significados. Um está relacionado ao sexual. O outro, ao capitalismo. E, embora sejam distintos, todos têm a mesma base, o mesmo princípio. Afinal, fetiche significa atribuir a um objeto um poder sobrenatural ou mágico. No caso da questão sexual, erotizar. Já em relação ao conceito sociológico, elevar a um patamar de culto uma mercadoria, por exemplo. E é sobre este aspecto que vamos nos deter nas reflexões de hoje.

O pensamento é de Karl Marx (1818-1883). De acordo com ele, o sistema capitalista está organizado de tal maneira que transforma um produto em uma mercadoria, pelo processo ao qual ele chamou de fetichização. Um produto é um produto. E deve-se levar em conta sua utilidade. Ou seja, para o que serve. Exemplos: uma blusa serve para vestir, um tênis para calçar, um perfume para perfumar. E assim por diante.

Entretanto, quando o produto passa pelo processo de fetichização, transforma-se em mercadoria desejada porque atribui-se a esse objeto um desejo, um poder sobrenatural. A blusa deixa de servir para vestir e passar a ser para ostentar. Assim como o tênis ou o perfume. Normalmente, essa atribuição está relacionada à construção de uma marca. A blusa, o tênis e o perfume de marcas tal são mais desejados do que os sem marca, embora sirvam para a mesma coisa: respectivamente, vestir, calçar e perfumar.

Então, o sistema capitalista gira em torno disso, da vontade que as pessoas têm de comprar aquela determinada marca, aceitando pagar um valor atribuído muito maior que o seu valor de uso. É o que chamamos de valor de troca. Percebe a objetificação do desejo? E, assim, essa realidade é reproduzida em todos os aspectos sociais, inclusive sobre as pessoas, transformando-as em mercadoria. Afinal, no universo do trabalho, segundo Marx, as pessoas aceitam trocar-se por um valor de troca, chamado salário. Você já percebeu essa realidade?

Fábio Luporini

Sou jornalista formado pela  Universidade Norte do Paraná e sociólogo formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) . Fui repórter, editor e chefe de redação no extinto Jornal de Londrina (JL), atuei como produtor na RPC (afiliada da TV Globo), fundei o também extinto Portal Duo e trabalho como assessor de imprensa e professor de Filosofia, Sociologia, História, Redação e Geopolítica, em Londrina.

Foto: Pexels

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