Ao longo dos milênios, a mulher, pouco a pouco, foi deixando uma função secundária, legada pelos homens, para assumir um protagonismo importante na sociedade contemporânea. Não é o ideal ainda, mas, ao menos, já se sabe que elas têm papel fundamental na construção da vida social. Apesar e a despeito de toda a herança histórica de um sistema patriarcalista que insiste em resistir, como se fosse o joio no meio do trigo.
Digo isso porque é não apenas crime, mas, inaceitável que um discurso misógino e machista seja propagado por aí, principalmente, quando se vem do presidente da nação, daquele que, percebe-se, não está nem um pouco preparado para a envergadura moral que o cargo exige. Ou pelas tantas e ridículas vezes que Jair Bolsonaro, inflado por apoiadores e por perfis fakes na internet, maltratou jornalistas mulheres no exercício livre de sua profissão.
O triste disso é que esse tipo de manifestação é apenas a ponta de um iceberg muito mais profundo do que se vê. E, de vez em quando, vêm à tona ou à superfície alguns dos casos que chocam a realidade. Como o tal DJ Ivis, que eu só o conheci depois de circularem na imprensa notícias da agressão dele à sua mulher, com vídeos de chutes, tapas e socos. Até quando esse tipo de agressividade será tolerada no Brasil? O fato dele ser um dos artistas mais ouvidos no streaming, por aqui, é grave porque, em teoria, ele influencia muita gente.
Então, todo movimento de luta pela liberdade, autonomia e protagonismo da mulher na sociedade é sempre válido e importante. Não somente para que sirva de inspiração a outras mulheres, mas, sobretudo, para que se coloque tudo em seu devido lugar. O que é crime, como crime. E o que é inaceitável, como inaceitável.
Fábio Luporini
Sou jornalista formado pela Universidade Norte do Paraná e sociólogo formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) . Fui repórter, editor e chefe de redação no extinto Jornal de Londrina (JL), atuei como produtor na RPC (afiliada da TV Globo), fundei o também extinto Portal Duo e trabalho como assessor de imprensa e professor de Filosofia, Sociologia, História, Redação e Geopolítica, em Londrina.
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