Duas áreas completamente diferentes uma da outra e, apesar disso, necessárias e complementares nos ramos do conhecimento. Faz tempo que filosofia e ciência andam juntas, de mãos dadas. Talvez desde a Grécia Antiga, quando os primeiros filósofos eram também cientistas, matemáticos, astrônomos e entendidos em tantas outras coisas.
Ao longo dos séculos, entretanto, ambas foram abafadas, em momentos distintos, mas, nem sempre valorizadas. Isso porque, unidas, potencializam o espírito crítico e a sabedoria do homem. E não é todo governo que deseja pessoas sábias e com conhecimento. Aliás, quase nenhum.
Se, por um lado, a filosofia é um tipo de pensamento racional, que estimula o questionamento das coisas e põe em dúvida certezas e dogmas antes cristalizados, por outro, a ciência é a sistematização do conhecimento através de metodologias e teorias que explicam e testam a realidade. Embora essencialmente diversas, são fundamentais uma à outra. E, ao desenvolver o conhecimento, florescem outras qualidades como a independência, a autonomia e a liberdade.
Por isso é que nem sempre quem está no poder quer estimular nem a filosofia nem a ciência. Os governos vivem diminuindo as cargas horárias da disciplina filosófica nas escolas, sempre sob a desculpa de que faltam professores. Ou, então, substituem o ensino desta por outra matéria, como matemática. Mal sabem que ambas têm a mesma raiz grega. Os primeiros filósofos eram também os primeiros matemáticos: Tales de Mileto, Pitágoras de Samos, entre outros.
Já a ciência sofre com o descrédito das fake news, das superstições e das crendices populares que vez ou outra voltam à moda. Claro que o senso comum é também um tipo de conhecimento muito importante até para a constituição do pensamento moderno. Mas, muita coisa já foi comprovadamente desmistificada. E tem gente que insiste em espalhar boatos e mentiras. Ignorância? Desonestidade intelectual mesmo. Num mundo cada vez mais carente de grandes ideias e pensadores, é preciso sempre defender o que já está certo. De que lado de História você quer ficar?
Fábio Luporini

Sou jornalista formado pela Universidade Norte do Paraná e sociólogo formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) . Fui repórter, editor e chefe de redação no extinto Jornal de Londrina (JL), atuei como produtor na RPC (afiliada da TV Globo), fundei o também extinto Portal Duo e trabalho como assessor de imprensa e professor de Filosofia, Sociologia, História, Redação e Geopolítica, em Londrina.
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