Olhar para dentro de si não é um processo fácil. Fazer este movimento com olhos críticos é mais complicado ainda. Ninguém gosta de receber uma dose de reprovação. Muito menos analisar seus próprios erros, modos de agir e as tantas possibilidades que precisam ser corrigidas. Mas, sem esse processo, não há autoconhecimento e, muito menos, chances de se potencializar sua própria vida, melhorando nossa jornada existencial.
Em uma linha da filosófica política moderna, como, por exemplo, o marxismo-leninismo, a autocrítica não apenas é necessária, mas, vista como um método científico e um exercício político. O que, nem sempre, ideologias políticas afins fazem. A esquerda brasileira, ou o Partido dos Trabalhadores (PT), é um desses casos. Mas, aqui não é espaço para discutir a política partidária brasileira.
Por outro lado, o filósofo brasileiro Leandro Konder acredita e sugere que a autocrítica tenha dificuldades de ser feita, o que bloqueia conhecimentos e sabedorias valiosas. De fato, pois, a capacidade que nós temos de olhar criticamente para dentro de nós mesmos faz com que identifiquemos nossas limitações. E isso nem sempre é legal. Encontrar-se consigo mesmo é um desafio e nos ajuda no amadurecimento.
Transpondo essa realidade para a vida social, política e econômica, a autocrítica permite que se reflita sobre o mundo, sobre como ele funciona e, assim, se torna possível transforma-lo. Afinal, não se pode mudar o que (teoricamente) se está bom. E nós só percebemos que algo não está bom quando olhamos para isto e identificamos seus erros, a fim de melhora-los. Melhorar uma realidade necessita de uma busca constante de autocrítica.
O que não se pode fazer é exagerar na autocrítica a ponto de isso atrapalhar o crescimento pessoal e social das pessoas. A dose precisa ser certa, embora constante. Afinal, daqui até o fim da vida sempre estaremos sempre sujeitos ao desenvolvimento. E sempre disponível para ensinar e aprender, além de contribuir com o crescimento dos outros e da própria sociedade. Fácil? Nem um pouco. Necessário, porém!
Fábio Luporini
Sou jornalista formado pela Universidade Norte do Paraná e sociólogo formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) . Fui repórter, editor e chefe de redação no extinto Jornal de Londrina (JL), atuei como produtor na RPC (afiliada da TV Globo), fundei o também extinto Portal Duo e trabalho como assessor de imprensa e professor de Filosofia, Sociologia, História, Redação e Geopolítica, em Londrina.
Foto: Edu Carvalho/Pexels