Amor-próprio é um sentimento nobre ou egoísta?

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O mundo contemporâneo vive uma excessiva busca por valorizar a si mesmo, por um autocuidado necessário e importante, por um “egoísmo” que nos leva ao amor-próprio. Mas, até que ponto esse tipo de sentimento (ou atitude) é boa ou ruim? Anula, por um acaso, o amor que dispendemos ao outro? Ou a disposição que colocamos a outrem? Este assunto é debate filosófico desde os gregos antigos. E não tem conclusão, como é normal na filosofia.

Por um lado, Aristóteles alça o amor-próprio a uma condição importante na busca da felicidade, considerando-o mesmo um tipo de egoísmo. Entretanto, de acordo com o filósofo aluno de Platão, enquanto uma das formas egoístas é querer acumular tudo para si, a outra é nobre. E é justamente essa que abarca o amor-próprio. Afinal, não é conosco mesmo que convivemos o tempo todo? Portanto, é fundamental que amemo-nos.

Já na tradição platônica, cristalizada ao estilo medieval dos filósofos ligados à Igreja Católica, existem dois grandes tipos de amor-próprio. Um deles é condenável porque parece egoísta, que pensa em si próprio, que se esquece do outro, enquanto a moralidade cristã e religiosa diz que as pessoas devem fazer o contrário, que é anular-se em prol do irmão. Entretanto, ao contrário, há uma corrente que fundamenta todos os outros tipos de amores no amor-próprio. E isso tem sentido: como amar o outro sem amar a si mesmo?

Outros filósofos teorizaram sobre o assunto, incluindo Blaise Pascal, já no pensamento moderno. Sua teoria se sustenta a partir da naturalidade do amor-próprio, pois, racionalmente, é que o homem ama a si mesmo. De fato, o que percebemos ao longo da história do pensamento humano, é que ora o amor-próprio é visto como virtude, ora como defeito ou vício.

E em nosso tempo contemporâneo? Percebo que, muitas vezes, é uma questão de carência ou de ressaca de amores mal resolvidos. As pessoas, em sua grande maioria, só se dão conta de que precisam amar a si mesmas depois de um relacionamento frustrado, depois de um término não tão bem terminado. E aí sobram indiretas de amor-próprio, que se esvaem tão logo as pessoas se conectam a um amor de outrem que as supre e as preenche.

Sabe o que é amor próprio? É poder conviver tranquilamente consigo mesmo sem ter medo da sua própria presença. Ir ao cinema, jantar e viajar sozinho, por exemplo, demonstram um pouco do que é esse tipo de sentimento e atitude. E você, ama a si próprio?

Fábio Luporini

Sou jornalista formado pela  Universidade Norte do Paraná e sociólogo formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) . Fui repórter, editor e chefe de redação no extinto Jornal de Londrina (JL), atuei como produtor na RPC (afiliada da TV Globo), fundei o também extinto Portal Duo e trabalho como assessor de imprensa e professor de Filosofia, Sociologia, História, Redação e Geopolítica, em Londrina.

Foto:Andrea Piacquadio no Pexels

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Uma resposta

  1. Esse ano de 2020 foi tudo muito complicado cada vez uma
    nova bomba aparecia. Espero que 2021 seja mais calmo.
    Super agradeço pelo seu artigo foi bem útil. Compartilhei
    no meu pinterest e obrigado pela informação.

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