A grande estreia da semana que passou foi o piloto da aguardada minissérie Watchmen (ação), roteirizada por Damon Lindelof (The Leftovers – 2017) e protagonizada por Regina King (American Crime – 2017), exibida aos domingos, às 22 horas, na HBO.
Watchmen, assim como The Leftovers (considerada pela crítica especializada como a melhor série da década), são projetos construídos meticulosamente, de maneira irretocável.
O roteiro ambienta a trama 34 anos após os eventos da clássica Graphic Novel de Alan Moore e Dave Gibbons, construindo uma realidade distópica onde policiais usam máscaras para protegerem a própria identidade e que precisam descobrir as origens e objetivos de um grupo supremacista denominado Sétima Kavalaria.
A Graphic Novels Watchmen geralmente é citada como uma das mais importantes de todos os tempos, principalmente por desconstruir a maneira como histórias de super-heróis eram consumidas. É, ao mesmo tempo, uma história em quadrinhos bem complicada, tanto simbólica como politicamente, deixando uma impressão duradoura e incômoda nos leitores.
Sobre a minissérie, o que se evidencia mais é, como sempre, a excelente produção e direção de arte da HBO, criando uma identidade visual original e forte. Tudo isso misturado a discussões políticas e éticas. Algumas discussões encontradas na Graphic Novel são recicladas para a contemporaneidade, como a ascensão da extrema direita. Nesta produção os heróis não possuem poderes, possuem apenas força acima da média. Todos levam uma vida normal e usam máscaras, seguindo suas rotinas em absoluto anonimato.
Após assistir ao primeiro episódio, a impressão que temos é que Lindelof procura ser leal aos quadrinhos, ao mesmo tempo que tenta preencher as lacunas para as pessoas que não leram os quadrinhos. Como citamos anteriormente, é uma história confusa e intensa, e fica um pouco difícil para o espectador que não leu os quadrinhos acompanhar o desenrolar dos acontecimentos.
Mas isso não chega a ser um ponto negativo para esta minissérie. Isso nos estimula a caminhar sob uma luz de penumbra, a pensar e discutir, tanto os elementos narrativos quanto os visuais. Watchmen pode, assim como os quadrinhos, nos deixar com uma impressão duradoura e incômoda, levantando questões sem dar respostas.
Foto: Divulgação
Marcelo Minka

Graduado em licenciatura em Artes Visuais, especialista em Mídias Interativas e mestre em Comunicação com concentração em Comunicação Visual. Atua como docente em disciplinas de Artes Visuais, Semiótica Visual, Antropologia Visual e Estética Visual. Cinéfilo nas horas vagas.