Esta semana estreou nas telonas o novo filme de Ang Lee (As Aventuras de Pi) e protagonizado por Will Smith. Projeto Gemini (ação) foi roteirizado em 1997 por Darren Lemke, mas só foi produzido agora, 22 anos depois. E como era de se esperar, quando esse tipo de coisa acontece em Hollywood, o projeto foi revisado e reescrito quase que na íntegra por vários outros roteiristas, incluindo David Benioff (Game of Thrones). O resultado é um roteiro todo remendado, meio frankensteiniano e que depende do seu ator principal para segurar o filme todo, do início ao fim.
Mesmo assim, o filme apresenta bons momentos, Will Smith é carismático o suficiente pra segurar a barra e preencher o vazio que permeia todo o resto, mesmo nos diálogos mais risíveis. Muitas cenas de ação são espetaculares e impressionam na tecnologia, cremos realmente que estamos vendo o personagem principal quando era novinho.
O filme estava sendo aguardado pela tecnologia promovida por Ang Lee e pela Paramount, o 3D+, uma projeção em três dimensões com altíssima resolução e alta taxa de 120 quadros por segundo. Este cenário tecnológico com grandes detalhes cria novas possibilidades de linguagem visual, mas, mesmo nos Estados Unidos, pouquíssimos cinemas podem projetar a tecnologia como foi filmada. No Brasil, ficaremos com 60 quadros por segundo. Possivelmente o filme perca seu encanto visual se for visto em 2D a 24 quadros por segundo.
Para piorar a situação, apesar de Ang Lee sempre apresentar uma excelência técnica em seus filmes, neste há um grande apelo popular do produtor Jerry Bruckheimer da franquia Piratas do Caribe, algumas coisas soam meio cafonas. O longa é visualmente competente, mas a história ruim estraga todo resto. Nenhuma tecnologia sustenta roteiro ruim.
Foto: Divulgação
Marcelo Minka

Graduado em licenciatura em Artes Visuais, especialista em Mídias Interativas e mestre em Comunicação com concentração em Comunicação Visual. Atua como docente em disciplinas de Artes Visuais, Semiótica Visual, Antropologia Visual e Estética Visual. Cinéfilo nas horas vagas.