Disputando a audiência com o circo brasiliense e suas delações quase premiadas, Netflix lançou nesta semana sua nova produção, Resgate, filme de ação, pancadaria, correria, tiros, cabeças explodindo e helicópteros caindo.
A película é dirigida por Sam Hargrave, mais conhecido por ser coordenador de dublês do que diretor. Hargrave trabalha nesta produção novamente com os irmãos Joe e Anthony Russo (Vingadores: Guerra Infinita – 2018). O filme é estrelado por Thor, digo, Chris Hemsworth e muitos outros atores pouco conhecidos do grande público.
A trama é linear, sem grandes reviravoltas, baseada na HQ Ciudad (Joe Russo e Andre Parks – 2014). Thor, digo, Chris Hemsworth, interpreta Tyler, ex-soldado violento e cheio de problemas emocionais que é chamado para resgatar o filho indiano de um poderoso traficante raptado pelo seu principal rival. O roteiro e a trama toda, assim como os personagens, ficam na superficialidade, justamente para que sobre espaço no filme para muita ação, pancadaria, explosões e lutas ensaiadas impecavelmente.
Sob uma perspectiva, essa superficialidade na trama se parece muito com outros filmes de guerreiros, soldados traumatizados buscando a redenção de seus pecados. A redenção oscilando entre humor e sangue de forma desajeitada, tentando mostrar cenas “legais”.
Em outra perspectiva, o filme consegue mostrar cenas legais e vai além, consegue mostrar cenas incríveis, embates coreografados à exaustão, cortes secos e precisos, edição direta e clara. Resgate, logo em seu início, apresenta um plano sequência (sem cortes) de onze minutos de tirar o fôlego, com perseguição de carros, lutas, saltos, tiros, tudo isso no labirinto claustrofóbico que é a cidade de Daca, capital de Bangladesh. Hemsworth segurando o filme com competência, do começo ao fim.
Imperdível para quem gosta do gênero.
Marcelo Minka
Graduado em licenciatura em Artes Visuais, especialista em Mídias Interativas e mestre em Comunicação com concentração em Comunicação Visual. Atua como docente em disciplinas de Artes Visuais, Semiótica Visual, Antropologia Visual e Estética Visual. Cinéfilo nas horas vagas.
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