Em outras colunas, citei o fato de não termos espaços apropriados para exposições e pequenas mostras na cidade. É importante saber diferenciar o que é um espaço “alternativo” de um outro qualquer, como aqueles que mostram quadros nos cavaletes no meio de um corredor de loja, por exemplo. Esses espaços já seriam particulares e dependeriam da visão além do alcance dos empresários e comerciantes em geral.
Mesmo sendo alternativo, o espaço precisa ser adaptado para esse fim, como pode ser feito em paredes de restaurantes – com uma luz branca ou luz de foco no caso de ser uma exposição de quadros – ou vitrines para esculturas.
Impossível não citar alguns nomes bacanas que temos na cidade como exemplo de comércios que funcionam também como pequenas galerias: o bar Valentino, que tem uma vitrine para os artistas mostrarem pequenas obras; o Cheers Pub, que tem duas esculturas numa pequena estante de espelhos com luzes de foco e, claro, o bar Vilão, que é uma grande instalação de obras de arte e peças de antiquário: desde as mesas na parte externa do bar, com esculturas inseridas entre as árvores até o interior, com cheiro de cera e vermelhão, tipo casa antiga de vó, totalmente acolhedor (cada um com seu estilo próprio, mas pensados para serem pequenas galerias, a arte cabe em todos os lugares).
Isso poderia ser feito também em lojas, mercados etc. E aqui cito novamente uma iniciativa fantástica do grupo Muffato que, em 2001, reabriu o hipermercado com painéis de diversos artistas locais – pena que os painéis não estão mais lá. Gostaria que todos os mercados da cidade fizessem isso. E os bancos! Geralmente são espaços imensos e mal aproveitados, nada que um bom arquiteto não pudesse resolver. Enquanto se espera, nada da chatice das filas… Olha que maravilha!

O que os comerciantes ganhariam com isso? Público, novos clientes também, com certeza! Além do mais, até onde sei, existe ou já existiu uma lei de incentivo à cultura que oferecia como contrapartida dedução do imposto de renda para quem ajudasse a financiar projetos artístico. Infelizmente, como coisas boas nesse país desaparecem, é caso de cobrar do governo. Poderia ser um incentivo a mais, dedução dos impostos e juros mais baixos para quem fizer isso… (Ok gente! Não custa sonhar, não é ?!)
Quando refizemos a loja, a arquiteta incluiu um espaço para podermos mostrar obras. Isso não encareceu o projeto e foi algo tão simples que acredito que muitos lojistas e comerciantes poderiam seguir esse exemplo também sem grandes dificuldades.
As pessoas precisam de arte, precisam sair um pouco do dia a dia difícil, ter um contato mais próximo com a arte e com seus artistas e como não temos grandes espaços para isso, toda a comunidade pode contribuir para a disseminação da cultura.

E quando digo que não, não vale cavaletes no meio do caminho, colocados de forma qualquer, sem critério algum, significa que, mesmo sendo um espaço “alternativo”, o espaço precisa ser iluminado, e planejado sim, para expor obras de arte de forma adequada. E aqui falo de tudo: quadros, desenhos, esculturas, objetos, gravuras e até poesias, porque não?!
Londrina é uma cidade comercial, com muitos artistas… Própria para ser um polo cultural, mas enquanto o governo não faz sua parte, porque não começarmos a mudar um pouco essa situação? Fica aqui essa sugestão para todos que gostam de arte, que acreditam no poder dela e da cultura e que tem estabelecimentos comerciais.
Bom resto de semana para todos e um café bem pé vermelho para esquentar a semana!
Foto Vilão: Luiz Jacobs
Angela Diana

Sou londrinense e me dedico à arte desde 1986 quando pisei pela primeira vez no atelier de Leticia Marquez. Fui co-fundadora da Oficina de Arte, em parceria com Mira Benvenuto e atuo nas áreas de pintura, escultura, desenho e orientação de artes para adolescentes e adultos.