Liminar do TJPR autorizou retorno facultativo das aulas, mas o receio do novo coronavírus é grande
Telma Elorza
O LONDRINENSE
O Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJPR) deferiu liminar para reabertura de cerca de 80 escolas representadas pelo Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe). O retorno às aulas deverá ser facultativo, com os pais decidindo se as crianças voltarão ou não para as escolas. O retorno também deve ser gradual, escalonado, híbrido e sob o viés acolhedor. A decisão é do desembargador Robson Marques Cury, da 6ª Câmara Cível, que alegou que “o auge da pandemia passou”. Segundo o relator, “cai por terra (…) qualquer fundamento jurídico e sanitário que mantém um serviço de suma essencialidade suspenso, como a educação, enquanto outros considerados de lazer, como bares e restaurantes, retomam suas atividades”.
Embora não contemple todas as escolas particulares – outro grupo também briga na justiça para poder voltar às atividades – a liminar já deixou algumas mães preocupadas, sem saber se enviam ou não seus filhos para a escola. Uma delas, que pediu para não se identificar, tem três filhos, de 14,12 e 9 anos e ainda não sabe o que fazer. “Meu filho mais velho entrou em depressão, nessa pandemia. Está até fazendo terapia, estamos cogitando levar ao psiquiatra. E a gente acha que foi justamente por estar afastado do ambiente escolar, dos amigos. Embora com receio, talvez seja o que ele precisa”, explica.
No entanto, a mãe também se preocupa com o mais novo, que nunca respondeu bem às limitações do isolamento social. “Nós ainda não temos certeza se o mandamos ou não para a escola. É mais complicado para ele ficar de máscara, conseguir manter a distância. Ele entende a necessidade, mas respeita menos que os outros dois. Ele saiu muito mais de casa, passeando pelo condomínio. Os outros ficaram mais enclausurados”, diz. Quando à menina de 12, a mãe diz que vai conversar com ela, para ver o que pensa. “Ela é bem responsável, tranquila”, afirma.
Outra mãe – que também não quer se identificar – está em dúvida porque seus filhos são menores, com 6 e 8 anos, e vivem “esquecendo as regras”. “Conheço meus filhos, eles gostam de tocar, abraçar os amiguinhos e sei que vai ser muito difícil respeitarem distanciamento, uso de máscaras, essas coisas. Por mais que falemos e orientemos, a desculpa é: ‘ah, eu esqueci!’”, conta. Por outro lado, ela se pergunta se a escola vai conseguir impor as regras de forma mais tranquila. “Talvez, vendo o exemplo dos outros, a orientação dos professores, eles se controlem mais”, diz.
Uma das dúvidas que ela tem é sobre o contato das crianças com os avós. “Se retornarem às aulas, teremos que nos afastar dos meus pais, que têm comorbidades como diabetes e hipertensão. E uma das alegrias deles é ver os netos, então isso deve ser levado em conta”, diz. No entanto, acredita que é preciso retomar “alguma normalidade”. “Essa doença não vai acabar tão cedo. Até a vacina ficar pronta, ser distribuída e todo mundo ser vacinado, pode levar muito tempo. Enquanto isso a gente tem que ir vivendo, da melhor forma possível, tomando todos os cuidados possíveis.
Foto: Gustavo Fring no Pexels