Ireni Martins foi questionada pelos vereadores sobre denúncias feitas por funcionários e ex-funcionários em depoimentos ao Ministério Público
A Comissão Especial (CE) formada na Câmara para acompanhar as investigações da 24ª Promotoria de Justiça de Londrina sobre supostas irregularidades em duas clínicas psiquiátricas do município ouviu na manhã desta quarta-feira (12) a assistente administrativa Ireni Pereira de Oliveira Martins, funcionária da Clínica Psiquiátrica de Londrina e da Villa Normanda. Ireni foi questionada pelos vereadores Vilson Bittencourt (PSB), presidente da comissão, e Eduardo Tominaga (DEM), membro, a respeito de denúncias feitas oficialmente ao Ministério Público por funcionários e ex-funcionários das clínicas, depoimentos aos quais tiveram acesso os vereadores da CE. O objetivo nesta quarta era escutar também a enfermeira Mara Lúcia Silvestre, uma das responsáveis pela administração das instituições, mas a comissão não conseguiu notificá-la.
Os vereadores que compõem a CE indagaram a assistente administrativa sobre a veracidade de uma série de denúncias, entre elas a atuação de funcionários sem a devida habilitação; número insuficiente de trabalhadores para atender à grande quantidade de internados; alterações nos prontuários para esconder agressões entre os pacientes e para prolongar internações; existência de cotas para a alta de pacientes, de forma a manter pessoas internadas mesmo sem necessidade quando não havia nova demanda por leitos; e impedimento de visitas a internados. Segundo Ireni Martins, apenas os profissionais responsáveis pelos atendimentos aos pacientes, como médicos e enfermeiros, poderiam prestar informações sobre os prontuários e as altas hospitalares. Sobre a falta de formação adequada de funcionários, a assistente administrativa afirmou que essa denúncia teria de ser respondida por profissionais do setor de Recursos Humanos. A funcionária disse ainda nunca ter presenciado casos de agressão ou fugas nas clínicas.
Ireni Martins informou ainda que desenvolve apenas atividades operacionais e burocráticas, como verificar os pedidos de internação feitos de forma online pela Central de Regulação de Leitos do Paraná e atualizar o sistema quando pacientes das duas clínicas recebem alta. “A Central de Regulação, em Curitiba, tem o cadastro de todos os leitos de hospitais psiquiátricos do estado. O médico regulador da Central verifica a necessidade de internação e os operadores buscam leitos. Eles nos mandam, então, uma solicitação, que aparece na nossa tela (de computador)”, afirmou. De acordo com a assistente administrativa, é grande a rotatividade de pacientes. “Nós trabalhamos com o que se chama de ‘fase aguda’. Tem paciente que sai após uma semana, outros ficam 30 dias. Todo dia temos altas”, disse. A respeito das visitas, Ireni afirmou que elas são controladas pelas famílias. “Todo paciente recebe dois cartões para a entrada de visitantes. Os cartões são controlados pela família”, explicou.
Novos depoimentos – De acordo com o presidente da comissão especial da Câmara, vereador Vilson Bittencourt, os próximos depoimentos serão agendados após a definição de um novo relator para os trabalhos. “Temos que definir o novo membro da comissão, porque o relator era o vereador Valdir dos Metalúrgicos (Solidariedade), que acabou deixando a Câmara em função do retorno do Mario Takahashi”, informou. A Câmara recebeu na tarde desta terça-feira (11) ofício do juiz Délcio Miranda da Rocha, da 2ª Vara Criminal de Londrina, comunicando decisão do Tribunal de Justiça (TJ) do Paraná, que por unanimidade de votos decidiu, na última sexta-feira (7), revogar medida cautelar de afastamento do cargo do vereador Mario Takahashi (PV).
Foto: Devanir Parra – CML