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Viagens oníricas do cotidiano

Por Ângela Diana

Alguém aí acredita que, quando você vê um beija -flor, é sinal de boa notícia? Gente! Eu acredito! Bom! Amo demais beija-flores, urubus, condores e pássaros no geral! Voar, subir no céu azul, ver a terra lá de cima… E alguém, quando está viajando a noite, olhando pela janela do busão, passando pelos campos e aparece aquele céu estrelado, que quase nunca percebemos na cidade, por causa das luzes artificiais, fica pensando em como somos pó de estrelas? O quão vasto é esse universo.

Foto: Freepik

Tem um “lirismo” da minha mãe, que escuto desde criança e que sempre que viajo e o ônibus vai chegando a noite em Londrina, vejo as luzes da cidade ao longe como se fosse um colar de diamantes (coisas de dona Tetê!). Outra frase era : durma com os anjos (vem daí o começo da minha história com anjos). Essa “viagem” não é lírica, mas é boa!

Quando minha vó Maria, como boa mineira que o trabalhava o tempo todo, começou a ensinar a gente (os primos também ok!) a limpar o chão, ela falava: “pode apertar esse rodinho que o chão não vai chorar”! Kkkkkkkkkkkkkkkk Lirismos de família famosos são os termos que herdamos! Descobri depois de anos que eram das raízes mineiras e paulistas…. Coisas do tipo” Isso está uma lambança” ou “meu Deus! Que “narquia é essa?” Falando “mineires”!

Foto: Acervo pessoal

Cê sabe que mineiro é tudo doido, né? Eles tem prazer de contar que acordaram 5 horas da manhã, fizeram café, bolo, limparam toda a casa, fizeram as orações, já estão com o feijão no fogo, mexeram na horta e isso antes do meio dia! E se vc acorda às sete é pecado mortal! Tenho família e amigas assim!

Masss, falando de arte! É um é um povo criativo, poético, doces e fortes, gerações de rochas! Misturam chitão, fitas de cetim e flores com a maior desenvoltura! Trouxeram os santos mais lindos que temos, enfeitaram as igrejas com as imagens mais humanas e, ao mesmo tempo, mais sagradas! Misturam o xadrez, os panos de florzinhas e o colorido sem pedir licença para ninguém e tudo saí bom!

São barrocos, emotivos, família, cozinham bem e a mesa tem que ser farta! Minha vó Maria fazia pudins, doce de pêssego, de goiaba, pastel, canja daquelas de levantar o defunto que já estava na cova com gripe, e visitava os doentes, os amigos e amigas e a garrafa de café e o pão da tarde, tudo lá na mesa! E os netos, bisnetos, tudo em volta!

Quando fui para Minas pela primeira vez, vi que cada casa tem seu altar. Por incrível que pareça, anos antes, eu entronizei altar em casa…. Chitão nem se fala, né? Eu só não uso mais porque o Ro, que é mais clean, iria sufocar! Kkkkkkkk

Amo fitas de cetim, flores, de todas as formas e materiais (mas, por Deus gente! Flor artificial só para o trabalho, ok! E cemitério!). Quando me sinto amarga com o mundo, vou fazer doce, pego as colheres de pau herdadas da minha vó e vou mexer o doce de morango, ou qualquer fruta que eu consiga na hora.

Vou plantar flor, vou mexer na terra, observo as borboletas, o céu estrelado, o cheiro de flor que, às vezes, entra pela janela, amo as cores fortes, herança dos meus antepassados africanos que vieram para Bahia e mudaram para Minas. Minas Gerais cheia de montes, céu estrelado, gente sábia que tem raízes profundas com a terra, e com a religiosidade! São fortes e sentimentais…Duros na queda, previdentes, mas adoram festas populares e religiosas. Terra de Chico Xavier!

Tudo isso foi importantíssimos para que eu entendesse de onde vinha a força do meu trabalho. E o gosto pelo trabalho, pela arte, pelo barroco, pelo sentimento de sentir  o cheiro da terra. Claro, fora o lado italiano da cerâmica, que já vai dar outra coluna!

Foto: Acervo pessoal

Pense em suas raízes, viva e agradeça a arte de viver que essas gerações trouxeram! Alguns dos maiores artistas que temos é de Minas! Gratidão!

Mas, apesar da coluna de hoje ser leve, ainda quero respostas da coluna passada! Quero saber aonde esta indo o dinheiro para os projetos e o que vai acontecer com o Museu de Arte! E vou cobrar geral!

Fiquem bem e, por favor,não criem dengue em casa, plantem flores!

Foto: Ana Paula Barcellos

Angela Diana

Sou londrinense e me dedico à arte desde 1986 quando pisei pela primeira vez no atelier de Leticia Marquez. Fui co-fundadora da Oficina de Arte, em parceria com Mira Benvenuto e atuo nas áreas de pintura, escultura, desenho e orientação de artes para adolescentes e adultos. Siga minhas redes sociais @angela_dianarte e @produtosdoimaginario

Foto principal: Freepik

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