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Sou bissexual e não consigo me envolver emocionalmente com ninguém

Por Telma Elorza

“Tenho 28 anos, sou bissexual e nunca me apaixonei por ninguém, nem na adolescência. Não consigo me interessar por uma vida a dois. Me relaciono com homens e mulheres, mas apenas sexualmente. Só quero sexo, que é sempre bom e faço grandes amigos entre meus parceiros(as). Mas nada romântico, de pensar em morar junto, construir família, etc. Será que minha bissexualidade está me atrapalhando em encontrar o amor?

Amiga, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, já dizia o ex-ministro do Trabalho no governo Itamar Franco (1992-1994) Walter Barelli. Eu posso afirmar que sua bissexualidade não lhe impede nada de se apaixonar e viver um amor romântico. Por isso, não se preocupe por conta da sua orientação sexual. Já tem tanta gente julgando os outros – pessoas vazias que não deveriam estar prestando atenção nos relacionamentos alheios -, que você não precisa fazer uma autoflagelação em cima disso. Viva sua bissexualidade feliz. Aliás, tem momentos que invejo essa orientação.

Posto isso, é preciso entender que algumas pessoas são arromânticas. Ou seja, não tem atração romântica por ninguém. Importante não confundir com assexualidade. As pessoas arromânticas não se apaixonam, não tem interesse em uma ligação mais profunda com um parceiro, mas sentem tesão e gostam de sexo. Já na assexualidade, a pessoa pode até se apaixonar e viver um relacionamento, mas não tem interesse sexual por ninguém, seja homem, mulher, cys, trans, enfim. Nada.

Detalhe: os arromânticos NÃO são incapazes de amar família, amigos, pets, etc. Eles só não se apaixonam.

Você me parece uma pessoa arromântica. E está tudo bem. Se tem suas necessidades sexuais satisfeitas, ok. Só não vale iludir um parceiro ou parceira que possa vir se apaixonar por você. Deixe claro, desde o início, que só quer sexo ou uma relação amigável.

“Ah, mas é que ela não conheceu alguém que realmente mexeu com os sentimentos dela”, com certeza alguém vai falar isso. Pode até ser, mas, aos 28 anos, já era para ter passado por algumas paixonites, nem que fosse na adolescência. A vizinha gata, o colega de escola bonitão, praticamente todo mundo se apaixona (e acha que é para sempre, kkk) na adolescência. Sofre, faz gestos tresloucados, enfim, aquelas coisas loucas motivadas pelos hormônios. Se ela disse que não fez nada disso, quando garota, acredito nela.

O que importa aqui é: você está feliz assim? Ou se cobra e sofre por não estar dentro dos padrões de “normalidade” emocionais?

Se você está feliz sozinha, não precisa se preocupar. Não ceda às cobranças de casar, ter filhos, etc, para atender a uma convenção da sociedade. Não finja se apaixonar para conquistar um(a) parceiro(a) e manter esse padrão convencional, não seria justo com ele(a) e nem com você. Se um relacionamento onde os dois estão apaixonados já é difícil, imagine onde um finge amor.

Ser bissexual não atrapalha o amor

Ser bissexual não é motivo que impeça alguém de se apaixonar. A pessoa pode ser uma arromântica, algo que faz parte da própria natureza.

Porém, se você está infeliz e acha que precisa de alguém a seu lado para ser completa (algo que é superestimado e martelado na cabeça das mulheres pela sociedade)e, principalmente, culpa sua bissexualidade por falta de amor romântico, talvez seja o caso de buscar uma psicánalise ou um psicólogo onde possa aprender mais sobre si mesmo e a lidar melhor com isso.

Não quero dizer aqui que o profissional vai lhe curar porque, se for mesmo uma arromanticidade, isso faz parte da sua natureza, como a cor de seus olhos, cabelos, etc. Assim como não existe “cura gay”, também não é possível curar essa orientação. Mas pode lhe ajudar a se entender melhor e, principalmente, se respeitar e às suas pecularidades, resolvendo essas questões internas.

O site Queer tem alguns artigos sobre arromanticidade e até um com 9 fatos sobre pessoas arromânticas que seria interessante você saber. Aliás, você sabia que os arromânticos fazem parte da sigla GLBTQIA+? No A,

O importante, no entanto, é que você não perca seu tempo sendo infeliz por não amar um(a) parceiro(a) e culpando sua bissexualidade, ok?

Espero ter lhe ajudado.

Tem dúvidas sobre sexo? Mande sua pergunta para telma@olondrinense.com.br

Quem é Tia Telma?

Jornalista, divorciada, xereta por natureza e que sempre se interessou muito por sexo. Com a vida, aprendeu várias coisas, mas a principal é que sexo é uma coisa natural e deve ser sempre prazeroso.

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(*) O conteúdo das colunas não reflete, necessariamente, a opinião do O LONDRINENSE.

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