Skip to content

Qual seria o vinho da Santa Ceia?

Por Edmilson Palermo Soares

Hoje é sexta-feira, feriado do Sagrado Coração de Jesus, padroeiro de Londrina e, na quinta-feira da semana passada, foi o feriado de Corpus Christi, uma data comemorada pelos cristãos católicos em todo o mundo.

Você sabe o significado deste feriado?

LEIA TAMBÉM

A expressão Corpus Christi vem do latim. Traduzindo para o português, significa “Corpo de Cristo”.  Foi criada em referência ao sacramento da eucaristia.

Este sacramento é realizado como forma de relembrar a morte e ressurreição de Jesus Cristo e nele é consumido um pedaço de pão e ingerido um pouco de vinho. Esta celebração de baseia no relato da Santa Ceia.

O pão simbolizaria o seu corpo, que seria quebrado. O vinho seria o seu sangue, que seria derramado.

A origem de Corpus Christi remete à Europa do século XIII, onde a festa foi criada oficialmente durante o pontificado do papa Urbano IV, em 1264. A criação da festa foi resultado da influência dos relatos feitos pela freira Juliana de Mont Cornillon, nascida próximo da cidade de Liège – Bélgica, em 1193.

E uma pergunta que é feita: qual seria o vinho da Santa Ceia?

Para responder esta pergunta vamos entender um pouco da história do vinho na região.

No Oriente Médio e na Ásia Menor, os registros de cultivo da uva remontam 7 mil anos. O comércio de vinho por ali se proliferou na época dos persas, quando se trocava o azeite e o vinho produzidos na Judéia pelo trigo persa.

Vale lembrar que a Pérsia ocupava um território que, hoje, está dividido entre o Irã e o Iraque. Daí, construí uma tese de que o vinho de Jesus poderia perfeitamente ser de uva Syrah. Essa hipótese pode ser relacionada ao fato de que a cidade persa de Syrah, produtora de vinho e uva do mesmo nome, sobrevive ainda hoje no território iraniano.

O sabor do vinho provavelmente era muito intenso. Embora houvesse uma prática de diluição do vinho, “em Jerusalém, eles tinham um gosto especial por vinhos ricos e concentrados”, explica o arqueólogo Patrick McGovern, professor do Museu de Arqueologia da Universidade da Pensilvânia.

Era comum também misturar o vinho com especiarias e frutas. O uso de resina de árvores, como mirra, incenso e terebintina, era bastante comum, pois evitava que o vinho se deteriorasse. Havia ainda o hábito de misturar romãs, açafrão, canela e mandrágora para melhorar o seu sabor.

LEIA TAMBÉM

Patrick McGovern afirma que o vinho provavelmente lembrava um Amarone, estilo produzido na Itália na região do Veneto com uvas secas (lembrando uvas passas) tendo como característica ser doce, rico e escuro, parecido com os que eram apreciados na Terra Santa.

A indicação de que o vinho era intenso aparece na literatura que sobreviveu a esta época, que conta que a bebida presente na região era tão forte que “induzia o corpo a pecar“.

Um outro estudo realizado pelo pesquisador Guy Bar-Oz, do Instituto Zinman de Arqueologia da Universidade de Haifa de Israel, também analisou o DNA restante em sementes de uva para saber mais sobre as técnicas de vinificação usadas na época.

A hipótese levantada por ele, por conta das características do solo, confirma a tese de Patrick McGovern que provavelmente seria um vinho encorpado e doce, com altas quantidades de açúcar.

No mês de julho será comemorado a Uva Syrah, e voltaremos a falar dela.

Bom feriado, e este friozinho….. pede um vinho. Saúde.

Edmilson Palermo Soares

Enófilo, sócio proprietário da Confraria da Taverna, loja de vinhos e espumantes que traz novas experiências no mundo do vinho, estudioso e entusiasta, com conhecimento prático provando vinhos de mais de 20 países e diversas uvas desconhecidas do público em geral. Me siga nas redes sociais: no Instagram @contaverna, Facebook Confraria da Taverna e Linkedin

Compartilhar:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Designed using Magazine Hoot. Powered by WordPress.