Da papoula à agulha: a evolução dos analgésicos e o papel da acupuntura na dor

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“Quem tem dor tem pressa”. A medicina moderna oferece alívio rápido, mas a sabedoria chinesa – com a acupuntura – mostra que é possível tratar a dor sem causar dependência

Por Isabel Fontes

A dor acompanha a humanidade desde sempre. Ela é um dos sintomas mais universais — e também um dos mais temidos. Ao longo da história, o ser humano desenvolveu inúmeras formas de combatê-la, desde poções e ervas até os modernos analgésicos farmacêuticos. Mas essa busca pelo alívio também revela um dilema antigo: como eliminar a dor sem causar novos problemas?

A origem dos analgésicos

Nas civilizações antigas, como Egito, China, Índia e Grécia, já se utilizavam substâncias naturais para aliviar o sofrimento. Entre elas, a papoula se destacou. Do seu látex, os povos antigos extraíam o ópio, conhecido por seu poderoso efeito analgésico.

Enquanto isso, na China, surgia uma forma completamente diferente de lidar com a dor: a acupuntura, que há mais de 2.500 anos já era usada para harmonizar a energia vital e restaurar o equilíbrio do corpo. Ao contrário do ópio, a acupuntura não age mascarando sintomas, mas reorganizando o funcionamento do organismo para que ele próprio recupere a capacidade de se equilibrar.

Do ópio à farmacologia moderna

Durante a Idade Média, o ópio continuou sendo amplamente usado, muitas vezes em misturas chamadas láudanos, que uniam vinho, ervas e especiarias. No século XIX, com o avanço da química, o homem conseguiu isolar seus princípios ativos: morfina e, depois, codeína.

Essas descobertas revolucionaram o tratamento da dor, mas também abriram um novo problema: a dependência. A morfina e seus derivados, embora eficazes, alteram o sistema nervoso central e geram tolerância — quanto mais se usa, mais se precisa para obter o mesmo efeito.

Na tentativa de encontrar alternativas mais seguras para dor, surgiram os analgésicos não opioides, como a aspirina, o paracetamol e os anti-inflamatórios não esteroides. Eles reduziram o risco de dependência, mas trouxeram outros desafios, como irritação gástrica, sobrecarga hepática e efeitos colaterais de uso prolongado.

Desde a antiguidade, a humanidade busca alívio para dor. Do ópio aos produtos não opiodes, medicamentos foram descobertos, mas todos com contraindicações. A acupuntura, por sua vez, trata a dor sem agredir o corpo
Fotos: Freepik

A dor e o século XXI

Nos últimos 20 anos, a medicina moderna passou a compreender a dor de forma mais ampla — não apenas como um sintoma físico, mas como uma experiência complexa que envolve corpo, mente e emoções. Apesar dos avanços farmacológicos, o uso excessivo de analgésicos opioides causou uma verdadeira crise em diversos países, reacendendo o debate sobre o uso responsável dessas drogas.

Foi nesse cenário que a medicina tradicional chinesa voltou a ganhar destaque, trazendo uma visão mais completa e segura sobre o alívio da dor.

O olhar da medicina chinesa

A acupuntura e outras técnicas da medicina chinesa, como a moxabustão, a auriculoterapia e a fitoterapia oriental, atuam não apenas sobre o sintoma, mas sobre as causas internas do desequilíbrio.

Quando uma pessoa sente dor, segundo essa visão, o corpo está sinalizando um bloqueio no fluxo de energia (Qi). Ao estimular pontos específicos, a acupuntura restaura esse fluxo, promovendo equilíbrio e ativando os mecanismos naturais de analgesia do corpo.

Estudos modernos mostram que a acupuntura estimula a liberação de endorfinas e serotonina, substâncias que aliviam a dor de forma natural. E o mais importante: sem causar dependência, sem sobrecarregar o fígado, sem alterar o sistema nervoso central.

Enquanto os medicamentos costumam interromper o sinal da dor, a acupuntura busca entender por que ele surgiu — e corrige o desequilíbrio que o gerou.

Um retorno ao essencial

Depois de séculos de avanços e excessos, a humanidade parece voltar a uma sabedoria antiga: tratar a dor sem agredir o corpo.

A acupuntura representa exatamente esse retorno — a união entre tradição e ciência, oferecendo uma forma eficaz, segura e natural de aliviar o sofrimento.

Talvez o maior desafio da medicina moderna não seja criar novos analgésicos, mas reconhecer que a cura pode vir do equilíbrio, e que a dor, quando bem compreendida, pode ser o ponto de partida para uma transformação mais profunda.

Se você está cansado de sentir dor e tomar remédios em um ciclo sem fim, experimente a mudança que a acupuntura pode proporcionar.

Isabel Teresa Caramori Fontes

Graduada em fisioterapia pela UEL em 1991, especializada em acupuntura desde 2001. Pós-graduada em fitoterapia chinesa. Terapeuta floral. Especialista em dor e menopausa. Me siga no Instagram
@draisabelfontesacupuntura e Facebook: Isabel Fontes Acupuntura e Fisioterapia. Tire suas dúvidas por aqui: Whatsapp (11)95253-5756. Atende no Espaço Èze Savoir (Rua Capitão Almir Moreira, 1800 – Zerão).

Leia mais sobre acupuntura na coluna Ponto e Toque

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