Gold, os ouros de Yves Saint Laurent

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Por Chantal Manoncourt

O ouro está presente nas criações de Yves Saint Laurent desde seu primeiro desfile de alta costura. O Museu Yves Saint Laurent, em Paris, presta homenagem a este visionário e gênio da moda para uma exposição deslumbrante focada em ouro. Do brilho da alta-costura aos acessórios, mergulhe se nos ouros de Yves Saint Laurent.

É sempre com emoção que se entra nesta casa, que foi o seu atelier, hoje museu, onde flutua para sempre a memória de Yves Saint Laurent. Desde a primeira sala, o visitante deslumbrado parece viajar até ao país das Mil e Uma Noites ao descobrir estes vestidos sumptuosos e as palavras da estilista ressoam como prova: “Adoro ouro, é uma cor mágica, pois o reflexo de uma mulher é a cor da o sol“.

O ouro, percebido como um sinal de riqueza, poder e prestígio, tem sido frequentemente associado a divindades e reservado aos poderosos. Yves Saint Laurent rompe com o imaginário coletivo ao popularizar o ouro entre as mulheres. Ao longo da sua carreira, o estilista inspira-se neste precioso material e apropria-se da sua simbologia para pintar um retrato “formal” da mulher moderna.

A exposição explora o dourado através de cerca de quarenta vestidos, bem como uma seleção de acessórios e bijuterias. Desde os primeiros botões que pontuam os cabans (casacos de marinheiro) até os vestidos inteiramente dourados, nenhuma coleção escapou do toque “ouro” do costureiro. Todos os materiais se prestam a estes brilhos: brocados, rendas, lamés, lantejoulas, peles, bordados… Tecidos, bijuterias, perfumes, brilhos dourados… Preto moderno, ilumino-o sempre com dourado, em botões, em cintos, acorrentado, disse ele. Nas vitrines, toda uma coleção de acessórios indispensáveis: chapéus, sandálias, botas, luvas… completam a silhueta imaginada por Yves Saint Laurent.

A riqueza dos materiais têxteis, a preciosidade das técnicas ou o recorte particularmente arquitetonico de alguns modelos remetem para o universo barroco (séculos XVII-XVIII) e as suas grandiosas decorações como a da Sala dos Espelhos de Versalhes. Ao mesmo tempo monumental, dinâmico e ostensivo, esse movimento artístico é o aliado ideal para a encenação do poder e a exaltação do know-how francês. “Minha fantasia, meus dons imaginativos pronunciados me levam ao barroco“, diz Yves Saint Laurent.

Além disso, como o Rei Sol, ele aproveita esse estilo cintilante para sublimar o corpo feminino e revelar sua energia solar. Afinal, o que o ouro evoca para nós senão a luz do sol, a luz, o calor e, por extensão, a alegria, a energia e a vida? Imbuído de majestade e vitalidade, o guarda-roupa Saint Laurent confirma o poder da mulher, imutável e atemporal como o metal precioso que a veste.