Por Marcelo Minka
Sol nascendo aqui na fazendinha ‘Pequena Londres’ e o primeiro pensamento que me aparece para este texto é sobre a inflexível e pesada mão do tempo na vida de todos nós, seres humaninhos. Menos para o Tom Cruise. O ator que, desde que interpretou o vampiro Lestat no filme Entrevista com o Vampiro (1994), transformou-se num vampiro de verdade e não envelhece, desconfio eu, está de volta no papel do revoltadinho e petulante Pete Maverick.
Cruise se transformou em uma bilionária franquia de si mesmo nos últimos anos e está, a cada ano que passa, mais bonito. Pena que, em todos os filmes, Tom Cruise sempre interpreta Tom Cruise, inclusive seu Maverick. Enfim, o ator se recusa terminantemente a mudar ou envelhecer, e vemos isto também em Top Gun: Maverick, que estreou esta semana nos cinemas da cidade.
Sim, este Top Gun é uma cópia cuspida e escarrada, levemente atualizada, de Top Gun: Ases Indomáveis (1986). Quase 40 anos depois do primeiro filme, esta continuação traz romance (sob uma perspectiva madura), piadinhas (que às vezes funcionam) e muita adrenalina (o que Cruise sabe fazer de melhor). A produção do filme, sabendo que o que vai arrastar os fãs do primeiro filme aos cinemas é esta adrenalina, não teve a mínima vergonha na cara em recriar cenas inteiras da produção original: a abertura épica, a musiquinha chata ‘Danger Zone’, a cena de vôlei na praia, vários pores do sol, a breguice das discussões dentro dos aviões de caça bilionários e por aí vai.
O personagem principal também continua exatamente o mesmo, rebelde a la macho indomável e inconsequente, estacionado em sua carreira militar enquanto os amigos já são generais. O roteiro mostra Maverick treinando uma nova turma da Top Gun que vai participar de uma missão quase suicida, com jovenzinhos militarmente padronizados repetindo frases de quarenta anos atrás e velhotes arrogantemente poderosos cuspindo palavras esvaziadas, como na vida real.
Apesar de tudo isso, vale a pena o preço do ingresso? Definitivamente SIM! A adrenalina compensa. Dirigido por Joseph Kosinski (Oblivion – 2013), o filme também repete muitas cenas de ação de Ases Indomáveis, mas com a tecnologia cinematográfica de 2020. As cenas aéreas são impressionantes, quando percebemos, estamos com as mãos suando de nervoso.
Para quem viu o primeiro filme e gostou e para quem gosta do gênero ação, imperdível.

Marcelo Minka
Graduado em licenciatura em Artes Visuais, especialista em Mídias Interativas e mestre em Comunicação com concentração em Comunicação Visual. Atua como docente em disciplinas de Artes Visuais, Semiótica Visual, Antropologia Visual e Estética Visual. Cinéfilo nas horas vagas.
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