Por Telma Elorza
“Não dê risada, por favor, mas tenho 20 anos e ainda sou virgem. E preciso de ajuda. Já tive namorados com os quais quase transei, mas sempre recuei, na hora H. Meu medo é de doer muito. Não suporto dores de modo geral, tenho uma forma de Hiperalgesia, e já me disseram que, quando o hímen rompe, sangra e dói. Como posso perder esse medo?”
Primeiro, cara leitora, não vou rir. Não tenho nada a ver com suas opções sobre a sexualidade. Ser virgem ou não, é uma opção de cada uma e respeito isso.
LEIA TAMBÉM
Em segundo lugar, ai, amiga, que coisa, né? Normalmente eu falaria apenas para você relaxar e aproveitar o momento de carinho porque não é tudo isso que falaram, não. Mas dada a sua situação clínica, a situação é mais séria. Não sei o nível de sua hiperalgesia (para quem não sabe, é uma condição médica onde a pessoa uma extrema sensibilidade à dores, onde, em alguns casos mais sérios, qualquer coisinha como uma pancadinha, por exemplo, reverbera como uma tortura horrorosa), nem como isso afeta no seu dia a dia, mas acredito que você deve ter acompanhamento médico, não?
O ideal seria conversar com seu ginecologista, buscar soluções clínicas. Talvez até um rompimento de hímen cirúrgico (com anestesia e medicamentos para controlar a dor), mas isso quem pode lhe dar uma solução mesmo é o médico.
Mas, de modo geral, para quem não está nesta situação médica, quero desmitificar algumas coisas sobre virgindade e rompimento de hímen (perder o cabaço, na linguagem mais comum). Muitas meninas ainda têm essa mítica na cabeça: o pênis vai romper o hímem, vai sangrar e doer para caralho. E eu digo: nem sempre. Há vários tipos de hímen e, em alguns casos, a mulher nem percebe seu rompimento. Ele pode, inclusive, ser rompido sem penetração.
Virgem ou não?
O hímen nada mais é que uma membrana delicada, que fica à milimetros da entrada da vagina, com tamanhos e formas irregulares (sempre com uma abertura) e sem função nenhuma. A sociedade patriacal criou uma supervalorização dessa membrana e, por séculos, a mulher que não sangrasse quando fosse penetrada pela primeira vez pelo marido era considerada uma pecadora, que não valia nada. Mercadoria estragada. Em algumas regiões do mundo, os lençóis nupciais manchados de sangue eram exibidos publicamente (sim, isso realmente acontecia, não é coisa de filme).
Mas, por ser tão delicada, a membrana pode se romper em atividades esportivas, por exemplo, como equitação, ginástica rítmica e até andar de bicicleta, entre outras.
E também pode não romper, mesmo com penetração. Porque essa membrana pode ter mais elasticidade (chamado de hímen complacente) ou simplesmente ter um diametro menor.
O sangramento também varia, de uma manchinha de sangue de nada a uma inundação. Gente, que vergonha eu passei quando, aos 18 anos, depois de já ter transado várias vezes, me vi no meio de um sangramento, que sujou lençóis e colchão. Parecia que eu tinha sido esfaqueada. O rapaz que estava comigo deve estar traumatizado até hoje. Fui no ginecologista na sequência e tava tudo normal, foi só o sangramento do hímen que até então era complacente. Tia Telma, como sempre, dramática até nisso. HO! Dor, não tive nenhuma.
Aliás, a dor eu tenho para mim que é mais psicológica que física. A menina põe na cabeça que vai doer, fica tensa, se contrai em vez de relaxar, e acaba doendo mesmo. E isso é uma pena, porque acaba perdendo a oportunidade de ter uma experiência fantástica: a primeira transa e o primeiro orgasmo partilhado. Aliás, orgasmos privados, da masturbação, deveriam fazer parte da sua rotina do dia a dia. Só se masturbando, a menina pode se tornar uma mulher que conhece seu próprio corpo e que sabe mostrar a seu parceiro o que gosta, o que a excita.
O principal disso tudo, no entanto, é saber qual o momento certo de deixar de ser virgem. A perda do cabaço só deve acontecer quando a menina/mulher quiser. Não por pressão de amigas, de namorados, de ninguém. A escolha deve ser sempre dela, quando estiver emocionalmente preparada para deixar de ser menina e se tornar uma mulher sexualmente ativa.
Espero ter ajudado.

Tem dúvidas sobre sexo? Mande sua pergunta para telma@olondrinense.com.br
Quem é Tia Telma?

Jornalista, divorciada, xereta por natureza e que sempre se interessou muito por sexo. Com a vida, aprendeu várias coisas, mas a principal é que sexo é uma coisa natural e deve ser sempre prazeroso.
Leia mais colunas Tia Telma Responde
Siga O LONDRINENSE no Instagram e Facebook
(*) O conteúdo das colunas não reflete, necessariamente, a opinião do O LONDRINENSE.