Por Telma Elorza
“Sou casada há 15 anos, amo meu marido e não quero me separar. Mas tenho tara em transar com outros homens. Sempre que ele viaja à trabalho, contrato um garoto de programa – diferente a cada vez – para me satisfazer. Meu marido é um cara ótimo, me satisfaz na cama e não quero faze-lo sofrer se descobrir, mas não consigo deixar de sentir tesão em transar com outros. O que posso fazer para me controlar?”
No Dia do Sexo, recebo essa mensagem de uma mulher desesperada com a monogamia. Como ela, existem muitas e muitos que sonham com uma liberdade sexual que o casamento tradicional não permite. Para a maioria das pessoas, a monogamia é tão arraigada na cultura e embasada pelo cristianismo, que nem questionam o conceito. Saiu com outro(a), é adúltero e pronto. As mulheres, principalmente, têm mais dificuldades em aceitar que pode haver, sim, tesão fora do casamento e que isso nada tem a ver com amor.
Não vou entrar aqui em questões de como surgiu – e se perpetuou – essa coisa de exclusividade. Tem um artigo muito bom na Super Interessante que explica. É antigo, datado de 1999 e atualizado em 2016, mas vale a leitura. Leia aqui. Já o site Psicanálise Clínica desenvolveu um artigo mais recente, datado de julho deste ano, sobre o tema, que explica a monogamia pelo viés da psicologia. Também vale a leitura, neste link aqui.
Em compensação, tem muita gente se libertando desse conceito restritivo. Uma pesquisa divulgada pelo Sexlog, a maior rede social de sexo e swing do Brasil, com mais de 17 milhões de pessoas cadastradas, fez uma pesquisa com seus usuários para saber se a prática de troca de casais melhorou o próprio relacionamento conjugal e, surpresa, 82% disseram que sim, melhorou muito. Segundo as respostas desse percentual, o swing aumentou a parceria entre o casal, assim como o tesão e uma melhora considerável no sexo. Segundo a pesquisa, 84% dos respondentes consideram primordial que o casal tenha um alto nível de maturidade e entendimento entre si para aderir à prática.
Como eu sempre digo, aqui, nas colunas da Tia Telma, a conversa e a franqueza entre o casal é algo que melhora muito a relação. Porém, as pessoas ainda têm medo de chegar para o parceiro e se abrir, de expor suas vontade e fetiches e vão recalcando seus sonhos até adoecerem ou trair a confiança do outro. Seria tão melhor para a humanidade se aprendêssemos que a sinceridade e honestidade são capazes de promover um melhor entendimento.
E gostaria muito de saber o porquê desse medo. A escolha do(a) parceiro(a) não é livre? Então, qual o problema em chegar para ele(a), alguém em quem confia o suficiente para estar num relacionamento longo e falar: “olha, eu tenho esse fetiche e queria compartilha-lo com você, para que a gente possa realizá-lo junto”. Medo do quê? Do parceiro(a) não entender? A não ser em casos de machismo extremo, que não me parece o caso do marido da leitora, a resposta pode ser positiva. E se for negativa, não seria o caso de terminar o relacionamento e procurar um(a) parceiro(a) que a(o) entenda e lhe faça feliz? Ou vai continuar nessa infelicidade, buscando uma cura que não existe?
Eu não concebo um relacionamento a dois onde não há conversas francas. E, principalmente, não concebo uma infelicidade no casamento por falta destas conversas. Por isso, minha sugestão para a leitora é, antes de querer “curar-se”, conversar com maridão, um cara ótimo, e expor suas vontades. Falar ou não das traições anteriores fica pela sua própria consciência. Quem sabe ela pode ter uma surpresa boa, né?
Tem dúvidas sobre sexo? Mande sua pergunta para telma@olondrinense.com.br
Quem é Tia Telma?
Jornalista, divorciada, xereta por natureza e que sempre se interessou muito por sexo. Com a vida, aprendeu várias coisas, mas a principal é que sexo é uma coisa natural e deve ser sempre prazeroso.
Respostas de 6
Entendo que isso deveria ser conversado antes de se casar, eu jamais conseguiria sentir afeto por alguém caso acontecesse comigo, assim como a maioria das pessoas também, existem alguns mais abertos, compartilhar intimidades com terceiros pode ser bom ou ruim à saude mental do casal. Jamais eu trairia minha companheira e se acontecesse comigo eu sofreria muito.
A conversa deveria ter acontecido antes da traição.
Talvez o marido até concordasse com um relacionamento mais livre ou aberto, mas não depois de ser feito de palhaço.
Confiança é como um vaso quebrado: mesmo que você conserte, nunca mais será igual.
E que papo é esse de não contar sobre as traições anteriores? Ou fala toda a verdade ou fica calada.
De qualquer forma, não creio que esse casamento tem futuro.
Uma hora ou outra a verdade aparece.
A carne é fraca , mas a ética nunca existiu. Era para ela ter terminado antes, ou falado antes de fazer.
Se o cara nao aceita que a esposa transe com outros homens, ele e machsita extremo?!?
Posicionamentos absurdos como o seu explicam, e muito, o surgimento de movimentos como o RedPill!
Apoiado rs
Impressionante como só tem caras frágeis comentando aqui. Estão presos a uma noção de relacionamento de décadas, séculos atrás.
Bom artigo, muito bem escrito e com orientações relevantes pra moça em dúvida. Viva as mulheres modernas se libertando de relacionamentos machistas. Palmas pra autora.
Ps: esse artigo mostra como os meios de comunicação ainda tem um papel importante na internet. Colocam alguém com maturidade pra ter uma coluna e influenciar outras pessoas. Imagina se a internet dependesse só das bobagens que vêm nos comentários.