Por Telma Elorza
“Há alguns anos, me apaixonei por uma colega de escola, mas só começamos a nos relacionar este ano, quando nos reencontramos. O problema é que, quando fomos para cama, me surpreendi. Ela quase não se mexe durante as nossas relações sexuais. Eu a adoro, mas parece que estou trepando com uma boneca inflável. Como posso fazer para ajudá-la a ‘destravar’ para o sexo e ser mais participativa?”
O leitor não nos disse a idade do casal, nem se essa é a primeira experiência sexual da namorada. Vamos, então, supor que, são jovenzinhos e que, se ela não era virgem, teve pouquíssima experiência com homens, de modo geral.
A minha primeira recomendação é que o leitor tenha muita paciência e carinho para lidar com a namorada.
Infelizmente, a maioria das mulheres é criada para ser princesa (gente, eu odeio isso e tenho vontade de dar uns tapas em pais que criam suas filhas assim), uma menina boazinha, meiga, dócil, despreparada física e psicologicamente para cuidar da própria vida, à espera do príncipe encantado que a fará feliz e resolverá todos seus problemas. Uma princesa exemplar nunca vai ver filmes pornôs, nunca vai se masturbar, nunca vai ser uma puta na cama. Rebolar em cima de um pênis? Nossa, que coisa mais sem noção para uma princesa fazer.
Junto à toda essa merda que jogam em cima das meninas desde a mais tenra infância, há também o contexto religioso. A religião – principalmente as cristãs – reprime a sexualidade de modo geral, mas principalmente das mulheres que, sob essa ótica, devem ser puras e castas para seus maridos.
Ou seja: se a namorada foi criada para ser uma princesa cristã, deve se reprimir imensamente durante a transa para que o namorado não pense que ela é uma vadia. Infelizmente, essas merdas criam raízes profundas nas mentes femininas. E a pouca experiência sexual que teve não permite que perceba que o namorado gostaria de mais atitude, de ter sim uma “vadia” na cama.
Acredito que conversando bastante, de forma carinhosa, o leitor consiga que, com o tempo, ela vá se soltando e aprendendo a aproveitar também o prazer que uma relação sexual participativa pode dar para os dois.
Bom, até aqui parti da premissa que ela é jovem e inexperiente. Mas e se não for o caso? Se ela já teve outros namorados, outras experiências sexuais?
Neste caso, ela pode ter algum problema psicológico, algum trauma ou coisa assim. Só isso justifica uma mulher adulta se comporte como se o sexo fosse um martírio e não um prazer. Por estar apaixonada e não querer perdê-lo, ela se submete à vontade de fazer sexo do namorado. Ou seja: ela se obriga mentalmente a fazer sexo, mas seu corpo não consegue acompanhar e trava. Infelizmente, isso é muito comum em mulheres vítimas de violência sexual. Pode ser uma vítima de estupro não-relatado, que não contou a ninguém.
O ideal, nesse caso, é que o leitor mostre que está ao lado dela, que a ama e que quer ajudá-la. Tente fazer com que se abra, que desabafe com você para saber o que está acontecendo. Com certeza, também será preciso buscar ajuda profissional, um psicólogo ou psicoterapeuta, para um tratamento que a ajude a vencer seus traumas. De qualquer forma, é bom o leitor estar preparado, porque vai precisar ter muita paciência e apoiá-la sempre.
Tem dúvidas sobre sexo? Mande um e-mail para telma@olondrinense.com.br
Quem é Tia Telma?
Jornalista, divorciada, xereta por natureza e que sempre se interessou muito por sexo. Com a vida, aprendeu várias coisas, mas a principal é que sexo é uma coisa natural e deve ser sempre prazeroso.